A procura de biocombustíveis transformou as culturas alimentares tradicionais em culturas 'bioenergéticas'. Os alimentos e a energia entram agora em competição pela mesma 'matéria prima', o que se traduz num aumento substancial dos preços dos alimentos, muito acima do preço do petróleo e do gás natural que normalmente entram na produção alimentar. Em 2006, cerca de 60 por cento do total do óleo de colza produzido na UE destinou-se ao fabrico de biodiesel [20]. O preço do óleo de colza subiu 45 por cento em 2005, e depois mais 30 por cento até atingir cerca de 800 dólares por tonelada. O gigante alimentar Unilever prevê outro aumento do preço de cerca de 200 euros por tonelada para o próximo ano devido a uma procura adicional de biodiesel. Calcula-se que o custo adicional total do biodiesel para os fabricantes alimentares venha a aproximar-se dos mil euros em 2007.
Os preços dos cereais dispararam. Os preços do milho americano aumentaram mais de 50 por cento desde Setembro de 2006, e atingiram agora o preço mais alto em 10 anos de 4,77 dólares por bushel [2] . A procura americana do bioetanol fez desviar o milho da exportação, deixando desesperados os compradores de milho da Ásia [21]. Os preços mundiais do trigo também atingiram o preço mais alto em 10 anos, de 300 dólares por tonelada, em Outubro de 2006 [22], por entre os receios de uma crise de abastecimento nos próximos 12 meses se se verificar outro ano decepcionante da produção global [23]. Outra preocupação é que se venha a criar uma procura crescente de biocombustíveis a partir de outras culturas, como o trigo, o milho e a soja.
Outras preocupações ambientais
As culturas energéticas esgotam os minerais do solo e reduzem a fertilidade do solo, especialmente a longo prazo, tornando o solo impróprio para as culturas alimentares. Os desperdícios do processamento de todos os biocombustíveis têm significativos impactos negativos no ambiente, que ainda precisam de ser adequadamente avaliados e tidos em consideração. Embora alguns biodiesels possam ser mais limpos do que o diesel, há outros que não o são (ver abaixo). A queima do bioetanol gera agentes mutagénicos e carcinogénicos e aumenta os níveis de ozono na atmosfera [24] (Ethanol from Cellulose Biomass Not Sustainable nor Environmentally Benign , SIS30).
Por Mae-Wan Ho [*]
O original encontra-se em http://www.i-sis.org.uk/BiofuelsBiodevastationHunger.php Tradução de Margarida Ferreira.
Fonte: Aamuta
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