sábado, 9 de dezembro de 2006

Biocombustível na gasolina


Pesquisa apresentada em Londrina mostra que adição de 20% de produto feito a partir de bagaço de cana e capim melhora rendimento de motores

A pesquisadora Daniele Adão: dois anos de trabalho entre os laboratórios da UEL e da Unicamp: intenção é prosseguir com pesquisa em nível de doutorado

A busca pela redução da dependência do petróleo como fonte energética predominante do setor automotivo deu um passo relevante no curso de Mestrado em Química de Recursos naturais da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Na semana passada, a acadêmica Daniele Cristina Adão apresentou tese sobre a possibilidade de utilização de combustível elaborado com restos de agricultura em adição à gasolina.

''O resultado final foi favorável, já que o biocombustível ajudou a elevar a octanagem da gasolina. Em tese, isso indica melhora da eficiência (do motor)'', contou a pesquisadora Daniele Adão. ''A partir daí, surgiu a proposta de aprofundar a pesquisa para utilização do biocombustível na gasolina A - que tem 20% de álcool''. A intenção da mestranda é prosseguir o trabalho em nível de doutorado.

A professora e orientadora, Carmem Guedes, ressaltou que um dos méritos da pesquisa foi o foco na biomassa descartada na atividade rural. Ao contrário do biodiesel e H-Bio, modalidades de biocombustível em experiência no Brasil baseadas em oleaginosas como soja e mamona, o biocombustível desenvolvido na Unicamp e usado na pesquisa da UEL utiliza rejeitos do campo.

''A pesquisa apresentada aqui abre possibilidades de melhoria do combustível, não só do ponto de vista tecnológico, mas ambiental. A oleaginosa usada para produzir biodiesel passa por um processo longo, que vai do plantio à colheita, e deixa de ser comercializada como alimento'', analisa. ''Já o biocombustível obtido do bio-óleo ajuda a dar destino final a substâncias que já não tinham mais serventia na agricultura''.

Em junho deste ano, Souza Aguiar disse, em entrevista à Folha, que a Petrobras pode financiar a instalação de uma planta piloto em Maringá para produção de biocombustível a partir de bagaço de cana - medida que permanece em análise na direção da empresa, no Rio de Janeiro. A idéia visa aproveitar o potencial energético desperdiçado pela indústria sucroalcooleira das regiões norte e noroeste do Paraná.
Fonte: Folha de Londrina

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