Os biocombustíveis são más notícias, em especial para os países pobres do Terceiro Mundo. As culturas energéticas ocupam terra valiosa que podia ser utilizada para cultivo de alimentos, e a segurança alimentar está a transformar-se numa questão escaldante. A produção mundial de cereais diminuiu em seis dos últimos sete anos, colocando as reservas ao mais baixo nível de há mais de trinta anos [12] . O esgotamento crónico de aquíferos nos maiores celeiros mundiais, a seca e as temperaturas altas estão a fazer pagar o seu preço e prestes a prejudicar ainda mais a produção alimentar. A pressão sobre o solo feita pelas culturas alimentares e energéticas acelerarão certamente a desflorestação e a extinção das espécies e, simultaneamente, provocarão aumentos nos preços dos alimentos em todo o mundo, atingindo mais fortemente os países mais pobres, com maiores carências alimentares.
Não há terras que cheguem para as culturas energéticas
Os cálculos baseados no melhor dos cenários de produções irrealistas de grandes colheitas e de alto aproveitamento de biocombustíveis, desde o seu processamento até à utilização final, acabam por exigir 121 por cento de toda a terra arável dos Estados Unidos para produzir biomassa suficiente para substituir o consumo anual dos combustíveis fósseis [1].
O próprio relatório técnico da UE publicado em 2004 mostra que a meta de 5,75 por cento de substituição dos combustíveis fósseis por biocombustível exigirá pelo menos 14 a 19 por cento de terra arável para culturas energéticas [8]. Não restará nenhuma terra reservada para proteger a biodiversidade natural, que na UE é de apenas 12 por cento da terra agrícola.
Dados por satélite revelam que 40 por cento do solo do planeta já estão a ser utilizados para a agricultura [13], de cereais ou de pastagens. Não há solo que chegue para o cultivo de alimentos, quanto mais para as culturas energéticas.
Por Mae-Wan Ho [*]
O original encontra-se em http://www.i-sis.org.uk/BiofuelsBiodevastationHunger.php Tradução de Margarida Ferreira.
Fonte: Aamuta
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