Em 2005 estourou a crise no agronegócio, provocada por uma série de razões. Mas o dólar foi a principal causa e depois dele seguiram-se outras. No começo de 2006 as expectativas eram de absoluta falência da economia mato-grossense.
Porém, aqui entra uma característica extremamente positiva em Mato Grosso: a capacidade de empreender. Os produtores sofreram grandes quebras. Muitos faliram e perderam as suas terras. Outros salvaram-se arranhados. E um pequeno grupo mais preparado acabou ganhando dinheiro.
Do mesmo modo, esperava-se que o plantio de soja e de algodão na safra de 2006/2007 fosse um fiasco. Não foi. Deverá registrar um decréscimo de 1 milhão de hectares, correspondentes a 20 por cento.
Mas o que chama mesmo a atenção não é só a recuperação da crise. É a capacidade inventiva do produtor. O óleo diesel, que custava US$ 0,70 em 2004, pulou para US$ 1 em 2005. Isso refletiu no custo de produção tanto nos fretes que subiram um absurdo, como no plantio e colheita. O custo do diesel para um hectare na safra 2001/02 era de US$ 17,5. Em 2002/03 foi de US$ 25,5, em 2003/04 foi de US$ 30,5 e em 2005/06 chegou a US$ 45.
O produtor inventou o chamado “biodiesel caipira”. Cada um inventou o seu. Todos esmagaram a soja que estava sobrando nos armazéns e misturaram com óleo diesel, outros com álcool e muitos colocaram bruto nos tanques dos tratores. Fizeram as contas e concluíram que o desgaste do motor seria mais barato do que o preço do óleo diesel. Aos poucos foram melhorando as coisas. Uns colocaram álcool e diesel no óleo vegetal.
O fato é que surgiu o biodiesel, que era uma patente muito empírica de um professor cearense que acabou chegando às mãos do governo federal. Hoje o biodiesel já não pertence mais a governos. Os produtores ampliaram as inovações e estão fazendo miséria com as possibilidades de baratear o custo da produção. Já se sabe que podem ser usados óleos vegetais e a baratíssima gordura do sebo de gado bovino ou de aves.
Resultou que existem mais de 100 projetos de produtoras de biodiesel sendo examinados nos órgãos do governo de Mato Grosso. Espera-se que o preço do produto chegue ao produtor na faixa de R$ 1 real ou um pouco mais. Uma encrenca vai surgir logo de cara: os impostos. Na ânsia de arrecadar, o governo vai por sua pata de elefante em cima. Mas vai ser difícil tributar toda a produção, estimada oficialmente em 800 milhões de litros em 2007, suficientes para adicionar 5% e não só os 2% pretendidos pelo governo até 2012.
Isso, sem contar a produção dentro das propriedades e as cooperativas entre produtores que não implicarão em compra e venda de óleo. No máximo pagarão Imposto Sobre Serviços aos municípios. O mais sério é que o maior arrecadador de ICMS em Mato Grosso, são os combustíveis, e neles o diesel predomina. Mas isso é outro problema. O fato é que a crise mudou o rumo da economia e da gestão dos custos.
Fonte: Diário de Cuibá
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