sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Biodiesel abre nova frente de disputa entre distribuidoras

A um ano do cumprimento da legislação que torna obrigatória no país a mistura de 2% de biodiesel no óleo diesel, as distribuidoras de combustíveis reforçam investimentos - os anunciados até agora somam R$ 216 milhões - e acirram a disputa para ganhar mercado. A BR Distribuidora, controlada pela Petrobras, foi a primeira a iniciar a venda do B2 (mistura de 2% de biodiesel no diesel), e assim já começa a lucrar com a sua aposta.

Arnoldo Campos, coordenador do Programa de Biodiesel pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, observa que as 16 usinas já autorizadas a produzir biodiesel têm capacidade para oferecer 532 milhões de litros do biocombustível e, até o início de 2007, com a entrada de mais quatro unidades em operação, a capacidade vai crescer para 800 milhões de litros - o volume que era previsto para 2008. "A oferta existe, mas as distribuidoras ainda estão atuando de forma tímida. E terão que se adequar para atender a essa demanda", avalia.

Ele observa que a maioria dessas empresas só começou a apostar de fato no biodiesel no último quadrimestre do ano. A Shell iniciou a venda do B2 em setembro, para 100 grandes clientes e em 135 postos de sua rede.

A AleSat, que mantém uma rede de 1,1 mil postos no país, decidiu ir além da distribuição. A empresa investirá R$ 130 milhões na construção de uma usina de biodiesel no Centro-Oeste, com capacidade para produzir 114 milhões de litros por ano. Conforme informou a companhia ao Valor, a decisão foi tomada após o grupo elevar as vendas totais de combustíveis em 6,5%, graças ao marketing bem sucedido com o biodiesel.

Em dezembro, a Ipiranga também iniciou a venda do B2 em Goiânia (GO) e para 100 clientes corporativos. O grupo planeja estender a distribuição a outras capitais em 2007. "A expectativa é vender 250 milhões de litros do B2 [5 milhões de litros do biodiesel puro] em 2007", diz Luiz Athayde Kauer, gerente de suprimentos e transportes da Ipiranga. A empresa investiu R$ 5 milhões neste ano em armazenagem e aportará outros R$ 20 milhões em 2007. A Manguinhos também anunciou investimento de US$ 10 milhões para iniciar a venda do B2 neste mês.
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