Manutenção do petróleo entre US$ 40 e US$ 80 é cenário ideal para que o Brasil invista na produção de biocombustíveis, aponta estudo.
Se o preço do petróleo permanecer nos patamares atuais ao longo dos próximos anos, o Brasil terá o cenário ideal para investir na produção de etanol e biodiesel e faturar com a exportação desses combustíveis. A conclusão é de um estudo encomendado pelo NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos, ligado à Presidência da República), que aponta que os biocombustíveis serão economicamente viáveis se o petróleo continuar acima de US$ 40 por barril.
O trabalho, coordenado pelo economista Helder Pinto Júnior, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), será usado pelo governo federal para definir as políticas voltadas à produção de etanol e biodiesel. A pesquisa faz parte de uma série de avaliações feitas pelo NAE através do Projeto Brasil 3 Tempos, que traça perspectivas para o país para 2007, 2015 e 2022.
O estudo do professor da UFRJ analisa a viabilidade econômica dos biocombustíveis a partir de três projeções do preço do barril do petróleo para 2022: abaixo de US$ 40; entre US$ 40 e US$ 80; e acima de US$ 80. “Com recente a alta do petróleo — que aumentou de US$ 23, US$ 24 por barril, em 2003, para US$ 60 —, todos os países perceberam a necessidade de rever suas matrizes energéticas, de implantar uma matriz menos dependente do petróleo. Mas a transição dessa matriz está diretamente relacionada ao custo. Por isso foi usado o preço do petróleo nas projeções”, explica o economista.
No primeiro cenário projetado, com o petróleo abaixo de US$ 40 por barril em 2022, essa transição para uma matriz energética mais limpa seria postergada, de acordo com o estudo. A esse preço, a implantação dos biocombustíveis dependeria de subsídios governamentais, “o que não faz o menor sentido”, afirma o professor. “Não dá para deixar de investir em saúde e educação para aplicar o dinheiro em um recurso que vai beneficiar os 15% da população de maior renda. A não ser que haja restrições ambientais, nesse caso a transição levaria mais tempo”, completa.
A segunda projeção é a melhor para o Brasil, com o preço do barril oscilando entre US$ 40 e US$ 80. Nesse caso, haveria uma tendência de os países usarem o álcool e o biodiesel como alternativas aos derivados de petróleo, inclusive importando esses combustíveis. “Com esse cenário, o Brasil teria uma grande oportunidade para se tornar o líder mundial na produção de biocombustíveis. No álcool, nenhum país tem a experiência brasileira, mais de 30 anos produzindo. A produtividade do interior paulista é imbatível. O Brasil tem vocação para assumir essa liderança”, afirma.
O terceiro cenário, com o preço acima de US$ 80 por barril, também favoreceria o Brasil, mas criaria um risco. O alto custo do petróleo poderia desencadear uma corrida tecnológica nos países pelos chamados biocombustíveis de segunda geração — produzidos a partir de resíduos de celulose, como palha ou bagaço de cana —, o que reduziria o mercado para o álcool e o biodiesel brasileiros.
Mas, independentemente dos rumos do preço do petróleo, o Brasil precisa começar agora a planejar as políticas estratégicas para os biocombustíveis, afirma o economista. “Temos que estar preparados para quando o mercado dos biocombuistíveis explodir. Temos uma janela enorme escancarada e não podemos deixar passar a oportunidade”, destaca.
Fonte: Agência Envolverde
Agência de Notícia UDOP
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