terça-feira, 19 de junho de 2007

Para conter o efeito estufa, lona no esterco

A empresa americana que mais queima carvão acha que descobriu uma maneira barata de começar a dar um jeito em seu problema de aquecimento global: esterco de gado. A American Electric Power Co, uma empresa de geração, transmissão e distribuição de energia de Columbus, Ohio, queima tanto carvão que expele 148 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano " mais do que qualquer outra empresa nos Estados Unidos. Isso a deixa bem na mira do Congresso, que está tentando impor um teto às emissões americanas de CO2, um gás que contribui para o efeito estufa.

A AEP está estudando várias maneiras de conter suas emissões de gases do efeito estufa, desde aumentar a eficiência das caldeiras de suas termelétricas até enterrar sua produção de CO2 debaixo da terra. Mas isso vai ser caro e levar anos. Enquanto isso, a AEP tem uma grande esperança no estrume.

Num acordo a ser anunciado hoje, a energética pagará um intermediário para colocar lonas sobre reservatórios em fazendas onde fica o estrume em decomposição. O estrume em decomposição gera metano " um gás do efeito estufa que, tonelada por tonelada, é cerca de 20 vezes mais prejudicial à atmosfera do que o CO2. Os rebanhos respondem por 18% das emissões globais de gases do efeito estufa " mais do que o transporte, de acordo com a Organização das Nações Unidas.

O metano produzido pelo estrume de uma rês de 40 arrobas (600 quilos) se traduz em cerca de cinco toneladas de CO2 por ano. Isso é o mesmo montante de CO2 que é expelido anualmente por um carro americano típico, que faz 8,5 quilômetros por litro e roda 19.000 quilômetros por ano. Normalmente, o metano do estrume sobe até as nuvens, engrossando a camada gasosa que contribui para o efeito estufa.

As lonas da AEP vão capturar o metano e enviá-lo para tochas, onde será queimado e convertido em CO2 menos nocivo, que será liberado na atmosfera.

Na nova matemática do "mercado do carbono", essa redução da emissão mais nociva vai se traduzir numa espécie de moeda chamada "crédito de carbono". A AEP está contando com o uso desses créditos para reduzir a obrigação de limpar suas próprias termelétricas quando o Congresso americano impuser um teto às emissões de gás carbônico nos próximos anos.

Se a AEP vai de fato conseguir usar os créditos, não se saberá até que o Congresso defina os detalhes. Mas é uma aposta barata. No final, para cortar as emissões na quantidade que segundo a maioria dos cientistas seria necessária para conter significativamente o aquecimento global, as energéticas provavelmente terão de construir termelétricas novas.

Elas estão começando a fazer experimentos com tecnologias que vão consumir o carvão de uma maneira que permita que as emissões resultantes de CO2 sejam capturadas " e então enviadas para debaixo da terra, onde ficariam enterradas no longo prazo.

As estimativas do custo dessa tecnologia passam dos US$ 60 por tonelada de CO2. AEP não divulga quanto concordou em pagar por crédito de captação de metano. Mas esses créditos já estão sendo vendidos em outros países como resultado do Protocolo de Kyoto, o tratado mundial sobre efeito estufa que os EUA se recusaram a ratificar. Esses créditos de captura de metano geralmente saem entre US$ 5 e US$ 8 pela chamada tonelada de "CO2 equivalente". A maioria das pessoas espera que os créditos venham a custar US$ 10 no mercado americano.

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Fonte: com informações do

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