segunda-feira, 18 de junho de 2007

Efeito Puum!!


O Sindicato Rural de Ribeirão Preto não se conforma com a conclusão de um estudo da Embrapa Meio Ambiente que fala sobre a poluição causada pelo gado bovino, salientando que ela é mais grave que a poluição provocada por automóveis. E se deve menos à flatulência e muito mais ao arroto dos animais, apresentado como um fator de agressão ambiental muito potente.

“Este estudo da Embrapa Meio Ambiente é contrariado por outro, da Embrapa Gado de Corte”, diz o presidente do Sindicato Rural de Ribeirão, Joaquim Augusto Azevedo Souza, referindo-se a duas facções da Empresa Brasileira de Pecuária, órgão do Ministério da Agricultura. Para ele, o certo seria o estudo considerar que a criação de boi contribui para a preservação do meio ambiente, porque o animal bovino exige campo verde para pastagem e só consome água limpa.

Quatro por um humano

Existindo esta poluição provocada pelos bovinos, ela não seria um problema para o município de Ribeirão Preto, onde a criação de gado quase inexiste. O que há são pecuaristas residentes na cidade e na região que têm criação em outros Estados. Em Goiás, por exemplo, onde Joaquim Azevedo Souza exerce esta atividade, a proporção é de quatro bovinos para cada ser humano. No Brasil todo, a população de bovinos, estimada em 207 milhões de cabeças, supera a população humana.

Estes animais causam poluição devido ao gás proveniente da ruminação, o gás metano. Cada bovino, segundo técnicos da Embrapa Meio Ambiente, emite 57,5 quilos de metano por ano. Este gás seria mais grave que as substâncias tóxicas que saem dos escapamentos dos carros, como o monóxido de carbono, e teria efeito estufa 23 vezes maior que o dióxido de carbono provocado por queimadas.

Preocupação mundial

Face a estas informações e diante do quadro de estudos sobre o aquecimento global, agentes da ciência, em todo mundo, anunciam que estão dando mais atenção ao gás metano, já incluído como um dos gases mencionados no Protocolo de Kyoto, acordo que envolve 120 países e que objetiva limitar a emissão de poluentes que causam o efeito estufa.

A Nova Zelândia se inclui entre os países preocupados, agora diante de uma nova realidade. Há quatro anos, o governo daquele país tentou criar um imposto contra os pecuaristas por causa da flatulência animal, mas mudou o plano, após conhecimento de que a principal fonte de emissão de metano está no arroto, proveniente do retorno da alimentação para mastigação. É nesse momento que o metano é lançado na atmosfera.

Providências ajudam a diminuir a emissão de gás metano

É possível, sim, que os bovinos causem poluição e isto exige que se faça algum tipo de controle. Mas evidentemente não pode ser uma medida radical, sendo necessário considerar que o gado bovino produz alimento para o homem, além da importância econômica da atividade de criação.

Esta é a opinião manifestada pelo professor aposentado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), José Eduardo Dutra de Oliveira, que também é produtor rural e pequeno criador de gado. Ele diz que “o homem também polui, no simples ato de respirar”.

Já existe o controle

O aspecto relativo ao controle, citado por Dutra de Oliveira, já é uma preocupação das indústrias de ração. Otacílio Ramos Nogueira, zootecnista da Carol, de Orlândia, explica que já vem ocorrendo o uso da substância monensina sódica nas rações e isto garante a redução de 30% na produção de gás metano ruminal.


Carlos Alberto Nonino
Fonte: Jornal A Cidade – Ribeirão Preto/SP

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