O The New York Times publicou as reportagens "Redesigning Crops to Harvest Fuel" (Redesenhando culturas para colher combustível), de Andrew Pollack, e "Biofuels Come of Age as the Demand Rises" (Biocombustíveis atingem maturidade conforme a demanda aumenta), de Susan Moran, nos dias 8 e 12 de setembro, respectivamente. Os biocombustíveis estão no centro dos dois textos. O primeiro relata os esforços de grandes empresas produtoras de sementes e start-ups de biotecnologia para desenvolver culturas voltadas especialmente para a produção de etanol. Por engenharia genética ou por reprodução convencional, os cientistas dessas companhias estão criando variedades de milho e capim capazes de gerar mais energia por acre plantado — o milho é a principal matéria-prima do etanol nos Estados Unidos e o capim é uma das fontes possível para a obtenção do combustível a partir da celulose. O segundo texto ressalta o crescimento da produção norte-americana de biodiesel: de 2004 até hoje, o número de refinarias em atividade no país saltou de 22 para 76. O governo federal tem um crédito de imposto que oferece aos produtores e distribuidores de biodiesel US$ 1 para cada galão (cerca de 3,78 litros) do combustível misturado ao diesel convencional. O que mais se vende para o consumidor final nos Estados Unidos é uma mistura chamada B20, com 20% de biodiesel puro e 80% de diesel.
O texto define a produção de etanol a partir da celulose como "a nova fronteira". Nesse campo, destaca os esforços da Ceres e da Mendel Biotechnology, duas companhias da Califórnia. A Ceres, que também fornece tecnologia genética para a Monsanto, está trabalhando com a Fundação Samuel Roberts Noble, de Oklahoma, uma referência em capins de forragem. Nas estufas da empresa existem versões de capim — conseguidas por reprodução convencional e por engenharia genética — destinadas a produzir mais combustível, a resistir à estiagem e a ter cadeias de carboidratos mais fáceis de serem quebradas em açúcar nas usinas. Richard Hamilton, diretor-executivo da Ceres, contou ao repórter que algumas variedades obtidas por reprodução convencional, já em teste, rendem oito ou nove toneladas de biomassa por acre, contra cerca de cinco toneladas provenientes do capim comum.
O The New York Times lembra que os desenvolvimentos atuais feitos por engenharia genética têm preocupado alguns ambientalistas pelo fato de provocarem mudanças nas estruturas das plantas — antes, os cientistas dedicavam-se mais a aprimorar os processos químicos envolvidos na produção do etanol. Um exemplo dessas mudanças estruturais é a tentativa de reduzir a quantidade de lignina presente nos vegetais — a substância lhes dá rigidez para que permaneçam de pé, mas interfere na transformação da celulose em combustível. Outra preocupação diz respeito ao uso de árvores e capins engenheirados como fonte de celulose, pois seu tempo de vida e sua capacidade de se espalhar são maiores que os do milho e da soja geneticamente modificados.
Para falar sobre o aumento da importância do biodiesel nos Estados Unidos, a segunda reportagem chama a atenção para os planos da companhia Renewable Energy Group, uma spin-off da cooperativa de plantadores de soja West Central: produzir cerca de 1,7 bilhão de litros do combustível, somando-se a produção de todas as suas unidades. Em agosto, a empresa anunciou a construção de mais uma unidade, que será capaz de refinar 227 milhões de litros de biodiesel por ano. Ela já acumula US$ 100 milhões em financiamentos para o empreendimento — entre os investidores está a divisão norte-americana da Bunge. Nile Ramsbottom, presidente do grupo, disse ao jornal que espera faturar US$ 740 milhões em 2010; no ano passado, foram US$ 116 milhões.
Nos Estados Unidos, conta o The New York Times, a produção do biodiesel triplicou de 2004 para 2005 e chegou a aproximadamente 283,5 milhões de litros. A estimativa do Conselho Nacional de Biodiesel é de que ela dobre este ano. Mais otimista, o diretor-executivo do órgão, Joe Jobe, acredita que o volume alcançará, e poderá ultrapassar, a marca de 945 milhões litros. Mas isso é pouco diante dos cerca de 530 bilhões de litros de gasolina consumidos anualmente no país. No mundo, o biodiesel também não tem ainda uma posição de destaque. Em 2005, informa o jornal, o mercado global de biocombustíveis totalizou US$ 15,7 bilhões, porém só US$ 1,6 bilhão veio do biodiesel. De acordo com a empresa de pesquisa Clean Edge, esse valor pode subir para US$ 7,1 bilhões em 2015.
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