A palavra final sobre a viabilidade ou não do plantio de cana-de-açúcar na grande Região Amazônica será dada só no segundo semestre de 2008. Porém, há claras indicações de que o governo pode liberar a implantação de projetos agroindustriais em áreas da Amazônia, apesar da polêmica com o Ministério do Meio Ambiente.
’Há áreas de cerrado na Amazônia Legal. O bioma amazônico também não é uniforme. O zoneamento que será feito pelo governo dirá quais são as regiões proibidas e aquelas liberadas, e, dentre essas, informará onde há competitividade de produção de etanol para exportação ou para o atendimento de demandas locais’, diz Frederico Durães, chefe-geral da Embrapa Agroenergia.
O trabalho começou pelas áreas tradicionais de produção de cana-de-açúcar, como em São Paulo, e nas áreas de expansão, como Triângulo Mineiro e Centro-Oeste. Nas áreas mais remotas, como a Amazônica, o estudo pretende - além de considerar as condições de solo e clima - dar ao setor privado informações sobre as condições econômicas e de logística da produção de cana ou de matérias-primas para a produção de biodiesel.
Enquanto na Região Amazônica cada hectare produz cerca de 80 toneladas de cana-de-açúcar (semelhante à Região Nordeste), no Sudeste essa produtividade chega a 110 toneladas. E cada tonelada rende no máximo 90 quilos de açúcar na Amazônia, enquanto no Sudeste são 135 quilos por tonelada. Com a produtividade reduzida e o transporte caro, resta como fator positivo apenas o custo da terra, cujo viabilidade de plantio não está definida.
MAPEAMENTO
Durães afirma que o governo está empenhado em, finalmente, criar um ordenamento agroecológico no Brasil a partir do qual o setor privado poderá se basear para tomar suas decisões de investimento. Por enquanto, isso não existe, e o que ocorre em todo o País é a escolha de áreas única e exclusivamente a critério de quem investe.
Daí a razão do embate entre os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. Se o zoneamento encontrar razões - nos mapas de clima e de solo e nas informações de satélites - de assegurar o acesso de áreas como a Amazônia para o plantio de cana, fica referendado qualquer empreendimento.
O WWF-Brasil, uma das organizações ambientalistas envolvidas na discussão sobre ordenamento da atividade da agroenergia no País, avalia que o problema não é exatamente elaborar um grande mapa do País no qual se definam as vocações locais, mas fazer com que esse imenso trabalho de fato subsidie a formação de uma política nacional para o setor e garanta a implementação.
A ONG também considera falsa a versão do setor sucroalcooleiro, de que é totalmente inviável a produção de cana em Região Amazônica. ’A questão, definitivamente, não é essa. O problema é mercadológico e logístico. Não acho que o avanço da cana na Região Amazônica vai ocorrer com vigor neste momento. Mas o problema, definitivamente, não está na inviabilidade agrícola. O que freia o avanço é uma mera questão mercadológica e logística. Se isso for equacionado, não tenho dúvida de que a região se tornará uma opção para a produção de álcool e de açúcar’, diz Luiz Fernando Laranja, coordenador do Programa Agricultura e Meio Ambiente do WWF-Brasil.
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Um comentário:
Já assinei o RSS.
Muito bom, gostei do blog! Parabéns
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