quarta-feira, 3 de outubro de 2007

O potencial agrícola do biodiesel - Por Francisco Barreto

Por Francisco Barreto*

O Brasil é um dos países de maior área agricultável do mundo, com disponibilidade e potencial para expandir fortemente o cultivo de grãos e oleaginosas, de forma que a oferta possa atender simultaneamente a crescente demanda nas áreas de alimentos e biocombustíveis.

Segundo dados da Embrapa e do IBGE, a área total do território brasileiro é de 851 milhões de hectares, dos quais 402 milhões são agricultáveis, sendo que apenas 62 milhões são utilizados para o cultivo de lavouras. Nesta área cultivada, 35% são ocupadas por lavouras temporárias e 65% de lavouras permanentes.

As áreas ocupadas por florestas nativas e biomas são de 440 milhões de hectares, sendo 350 milhões dentro da região chamada Amazônia Legal.

Estes dados mostram existir 340 milhões de hectares de áreas agricultáveis, que podem ser utilizadas sem causar nenhum impacto ambiental, sendo que cerca de 90 milhões de hectares estão disponíveis para o plantio imediato.

Ainda podemos acrescentar a este valor o potencial Brasileiro para a produção de safrinha, que corresponde a 26 milhões de hectares apenas sobre os 62 milhões de hectares de área cultivada. Atualmente, apenas 13,8 milhões de hectares são cultivados com uma segunda safra, ou safrinha, que ocorre no intervalo do ano onde a safra principal já foi colhida.

Diante destes dados, verifica-se possuir no País uma enorme área ainda disponível para a agricultura, e também uma grande área cultivada possível de introdução da safrinha.

Obviamente, é importante avaliar — governo e sociedade — o que deve ser plantado nesse extenso território. Contudo, uma ação eficaz e imediata aumentaria a oferta de alimentos e também de oleaginosas – vegetais produtores de óleo, matéria-prima necessária para produção de biodiesel, um importante combustível biodegradável, em expansão no mundo, neste momento em que as fontes fósseis de energia têm se tornado vilãs do aquecimento global, além da ameaça de sua escassez e inexorável extinção.

Há um item importante que põe por terra aqueles preocupados com a ocupação do solo por vegetais para produção de energia e não de alimentos. No caso do girassol, após a extração do óleo, a sobra transformada em farelo tem alto teor de proteína para consumo animal e humano.

Se fosse aproveitada, com eficiência, para a produção de oleaginosas, parte dos 90 milhões de hectares de área agricultável disponível não utilizada, e também aquela área disponível para implementação da safrinha, o País teria condições plenas de atender ao mercado não só interno como o Externo de biodiesel.

O País tem hoje uma capacidade instalada para produzir apenas 2 bilhões de litros/ano. Assim, pelos dados apresentados, a produção de biodiesel demonstra força não só como impulsionadora do desenvolvimento, como de um eficaz projeto nacional de sustentabilidade econômica. Afinal, trata-se da energia mais limpa e renovável da qual o mundo tanto precisa.

*Francisco Barreto é presidente da Bionasa.


Fonte: CarbonoBrasil

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