quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Etanol: Exportação de milho anima produtores gaúchos


A elevação das exportações de milho pelo Brasil, que durante o mês de setembro cresceram 464,99%, em relação ao mesmo período de 2006, tem sido motivo de comemoração entre os produtores do cereal. A euforia se justifica especialmente pelos preços do produto, cuja saca de 60 quilos saltou de R$ 17,00 para R$ 25,00.

Conforme o presidente da Associação dos Produtores e Comerciantes de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (Apassul), Narciso Barison, o incremento nas exportações se deve à opção norte-americana pelo milho como matéria-prima para a produção de etanol. "Essa mudança alterou o parâmetro dos preços internos, colocando o milho no mesmo patamar da soja", avalia. Ele destaca as vantagens para os produtores, que têm atuado com maior lucro, vivendo um "novo horizonte", com a sinalização de preços animadores também para a próxima safra. "Acredito que seja uma situação que veio para ficar", defendeu. Na lista dos compradores do produto brasileiro, estão quatro dos maiores países europeus: Espanha, Alemanha, Portugal e Itália.

Mesmo com o cenário de otimismo, Barison adianta que a área plantada com milho para a próxima safra deve manter-se nos mesmos patamares de 2006, com leve alta de 1,38 milhão de hectares para 1,4 milhão de hectares no Rio Grande do Sul. "Não dá pra concorrer com a soja, pois os riscos para o milho são muito maiores."

Apesar do aquecimento do mercado externo, o dirigente não acredita na possibilidade da falta do cereal no Estado, justificando que o Rio Grande do Sul tem possibilidade de importar o produto de outros estados. "Produzimos 6 milhões de toneladas e o consumo se equiparou a esse valor. Nessa situação importamos 1,5 milhão de toneladas de Goiás."

Se do lado dos produtores o quadro é favorável, o mesmo não se pode dizer em relação ao setor avícola: a alta dos preços tem gerado preocupação entre os produtores que dependem do produto para alimentação animal. O diretor-executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, diz que a entidade não é contra as exportações, mas defende que o governo federal crie mecanismos mais "taxativos" que protejam as agroindústrias do País. "É preciso regular as exportações, garantindo o abastecimento interno, pois com a alta dos preços há um grande impacto nos custos de produção, o que onera os produtores e também prejudicará o consumidor", disse.

Ele discorda que a situação de preços favoráveis deva durar por muito tempo, alertando aos produtores a necessidade de cautela. "Depois acontece o mesmo que ocorreu com os produtores de leite, que após a euforia dos preços bons estão agora num momento delicado", destacou. Santos também não acredita na possibilidade de que falte milho no mercado, em função da boa safra e das perspectivas otimistas em relação à produtividade. "É um bom momento para se pensar na possibilidade de liberação do milho transgênico", adiantou.


Ana Esteves
Fonte: Jornal do Commercio - RJ

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