quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Produção de biodiesel bate recorde

A produção de biodiesel no Brasil, que vinha patinando há mais de uma década, teve em agosto seu maior salto de produção de todos os tempos. A menos de quatro meses para o início da mistura obrigatória de 2% de biodiesel ao diesel vendido no país, as empresas, finalmente, começaram a se preparar para fornecer o produto.

De julho para agosto a produção aumentou 42%, passando de 26,2 mil para 37,3 mil metros cúbicos. Nunca se produziu tanto biodiesel no país. Porém, ainda é preciso praticamente dobrar esse número até janeiro para que a demanda mensal inicial seja atendida.

O aumento de produção mostra que as empresas começaram a correr para cumprir o cronograma não obrigatório estabelecido para 2007 e, ao mesmo tempo, garantir o mercado que se abre em janeiro ainda sem espaço para todos.

Capacidade para produzir mais que o dobro do necessário

Capacidade de produção não falta. Já há hoje infra-estrutura para produzir mais de o dobro do que será necessário em janeiro. A demanda para atender aos 2% de mistura é estimada em 840 milhões de litros por ano, enquanto a capacidade instalada já está hoje em 2,18 bilhões de litros por ano, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

E além das 42 unidades já autorizadas pela ANP, existem ainda outros 42 pedidos em análise pela agência que poderiam elevar a produção em mais 1,4 bilhão de litros por ano.

Ou seja, há um excesso de oferta e por isso o governo estuda formas de elevar a demanda. Uma delas é o aumento gradual do percentual de biodiesel misturado ao diesel.

A União Brasileira do Biodiesel (Ubrabio) estima que o percentual possa ser elevado para 3% ainda no primeiro semestre de 2008, depois para 4% no segundo semestre e, finalmente, para 5% em 2009, o que dependeria da regularização do fornecimento.

- O programa foi estruturado com foco na oferta. Houve um momentâneo descompasso, com oferta excessiva e pouca demanda, mas achamos que isso será equilibrado - diz o presidente do conselho administrativo da Ubrabio, Juan Diego Ferrés.

Outra forma de aumentar o consumo, lembra ele, é por acordos setoriais. Pode sair ainda neste mês, por exemplo, a aprovação do uso do biodiesel pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Caso a entidade conceda as garantias para o uso do combustível, seria criado imediatamente um mercado potencial de 2 bilhões de litros por ano.

Consumidor pagará a conta

Um dos motivos para que o cronograma não obrigatório montado para 2007 tenha atrasado é o preço do biodiesel, hoje cerca de 30% mais caro do que o do diesel comum.

O biodiesel pode ser produzido a partir de gorduras vegetais vindas de grãos como soja, milho, canola ou mamona. Também se faz biodiesel a partir de gorduras animais como sebo bovino ou gordura de frango.

Mas é da soja que vêm 80% da produção nacional e os preços do grão estão em forte alta no mercado internacional, pressionando os custos de produção.

A Petrobras vinha comprando o biodiesel dos produtores por um preço mais alto do que o de mercado. Mas com o início da mistura obrigatória a diferença de preço, ainda que residual, será repassada para o consumidor. A Ubrabio estima que a diferença não chegará a R$ 0,01 por litro e o preço total sairia de cerca de R$ 2,20 para R$ 2,21.

A entidade diz que o diesel responde por 42% do total de combutíveis líquidos consumidos no país. São 41 milhões de metros cúbicos por ano, sendo que seis milhões são importados.

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