quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Pai do biodiesel defende florestas energéticas

Considerado o "pai do biodiesel" (sua patente foi a primeira homologada no mundo, em 1980), Expedito de Sá Parente defende plantações de oleaginosas e a criação de florestas energéticas em áreas degradadas da Amazônia. A estimativa é que haja região 80 milhões de hectares degradados, permitindo ao Brasil reforçar sua posição de fornecedor de biocombustível no mundo. "Hoje a oleaginosa mais completa é o dendê, mas existem espécies na Amazônica que, domesticadas, poderiam oferecer grande rendimento, se plantadas com outras variedades", disse. "É preciso desenvolver trabalhos de pesquisa para a aquisição de conhecimento sobre essas espécies."

Parente entende que os biocombustíveis têm três missões básicas a cumprir. "A primeira é ambiental. É preciso reduzir a emissão de gases causadores do efeito estuda. A outra é a social. Os biocombustíveis criam possibilidade de redução da miséria. Por fim, a estratégica: preparar o mundo para a era pós-petróleo."

O projeto de desenvolvimento do biodiesel começou em 1977. Naquela época era chamado de Prodiesel. Parente, proprietário da Tecbio, empresa que fabrica usinas para o setor, surgiu da observação do ingá, durante um fim de semana em um sítio em Pacoti, no interior do Ceará. O Brasil buscava alternativas energéticas e saídas para o setor de açúcar, em crise. O principal item da balança comercial brasileira era a importação de petróleo.

Parente estudava alternativas ligadas à produção de álcool. "Notei que o álcool não iria ajudar a reduzir as importações de petróleo, pois o Brasil precisava era de diesel." A partir dessa constatação, redirecionou suas pesquisas. Foi desenvolver óleo a partir do algodão. Em 1977, de um conhecido da Universidade Federal do Ceará, recebeu um motor para fazer o teste. O resultado foi excelente.

Em 1978, foram realizados testes em laboratório e foi construída uma unidade-piloto. Os resultados da avaliação do combustível com veículos da Companhia de Eletricidade do Ceará (Coelce) foram excelentes. Em 30 de outubro de 1980, em Fortaleza, foi lançado o biodiesel. A cerimônia contou com a presença do vice-presidente da República, Aureliano Chaves. Um ônibus rodou com B100 (só óleo vegetal de soja, sem mistura com diesel) pela cidade transportando os convidados para a festa. A patente do diesel foi homologada, mas o governo não se interessou. Preferia o álcool. Passados alguns anos, a patente se tornou pública. Hoje se estima que o mercado brasileiro de biodiesel movimente em torno de R$ 3 bilhões.

Fonte: Maracaju News

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