segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Usinas de biodiesel param por falta de comprador nacional

Há três meses da obrigatoriedade do B2 - adição de 2% de biodiesel ao diesel - usinas que produzem o combustível estão paradas porque não existe demanda pelo produto.

"Por incrível que pareça estamos no início de outubro e não tem nenhuma negociação aberta. Não encontramos compradores", afirma o diretor comercial do Grupo Agropalma, Marcelo Brito.

A empresa, que já está com as operações paradas, terá férias coletivas em novembro pelo mesmo motivo. "Quando voltarmos, no início de dezembro, iremos produzir o volume para abastecer os testes em nossas fazendas. A três meses do B2 ainda não sei dizer o que vamos fazer", diz Brito.

Em setembro, o grupo concluiu as entregas do leilão da Petrobras e agora se encontra em fase de manutenção. Brito critica a estatal por oferecer preços impraticáveis pelo biodiesel, ampliando cada vez mais a oferta. A opinião é compartilhada pelo diretor comercial da Bioverde, Alexandre Pereira da Silva, para quem ainda não existe um mercado para os produtores que não entraram nos leilões da Petrobras. "Para alavancar o programa de biodiesel estão subsidiando o preço para as distribuidoras", avalia.

A expectativa do setor para os próximos leilões da Petrobras é a de que os preços sejam corrigidos. Para Silva o ideal seria que o biodiesel fosse considerado um aditivo e não um combustível, assim teria um preço diferenciado, alinhado a demanda. Procurada, a Petrobras não quis comentar o assunto.

O Ministério de Minas e Energia definiu na última sexta-feira um cronograma para os próximos leilões de biodiesel promovidos pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Os dois primeiros serão realizados na primeira quinzena de novembro e serão negociados contratos entre os fornecedores e distribuidores para entrega do biocombustível durante 2008 e em dezembro serão realizados mais dois leilões para suprir a expansão do mercado.

A relação entre a atual oferta e demanda de biodiesel é contraditória. De acordo com o presidente do Conselho da União Brasileira do Biodiesel (Unabio), Juan Diego Ferrés, a produção já é o bastante para atender a obrigatoriedade do B2 e a capacidade instalada atualmente já poderia atender também uma possível demanda de B5.

O governo federal já sinaliza que deverá adiantar a obrigatoriedade do B5, aumentando conseqüentemente a demanda.

No mês passado o assunto foi discutido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e representantes da Unabio. Na ocasião o governo informou que estuda adicionar gradualmente mais 1% de biodiesel ao B2, antecipando de 2013 para 2010 a entrada do B5 em vigor. O objetivo seria induzir o aumento de produção de forma espontânea e conforme a adesão dos produtores a adição passaria a ser obrigatória.

Ferrés alertou para o descompasso atual no setor, cuja oferta do combustível é maior que a procura. Segundo informações da Agência Brasil, Ferrés afirmou que a oferta de biodiesel acompanhou o entusiasmo e esse entusiasmo se transferiu aos empreendedores, que colocaram seus investimentos numa capacidade superior a que era imaginada.

Brasil Ecodiesel:

Na contramão do setor a Brasil Ecodiesel, maior empresa de biodiesel do País, anunciou que o volume de vendas realizado no terceiro trimestre, cerca de 53 mil metros cúbicos, superou em 57,7% o trimestre anterior. O volume ainda não foi auditado.

Segundo o diretor de Relações com Investidores da Brasil Ecodiesel, Ricardo Vianna, o resultado já é o reflexo do novo cronograma de entrega repactuados junto à Petrobras

A empresa finaliza ainda as negociações para o início das exportações de glicerina, subproduto resultante do processo de produção do biodiesel.

Fonte:

Nenhum comentário: