Nos últimos meses, cresceu a preocupação na Europa e em outros países quanto à forma pela qual o combustível está sendo produzido, com eventuais prejuízos para o meio ambiente e mesmo com exploração de trabalhadores rurais. Agora, uma empresa na Suíça promete entregar aos usuários de biodiesel o primeiro produto "socialmente justo e ecologicamente correto". Uma rede de postos de gasolina acaba de anunciar que irá importar 1,5 milhão de litros desse biodiesel do Brasil.
O conceito de comércio eqüitativo começou a ganhar força na Europa no início desta década, quando consumidores passaram a procurar produtos que distribuíssem de forma mais justa a renda gerada pelo seu comércio e pelo impacto ambiental da produção agrícola. Esse foi o caso da banana, café, cacau ou suco de laranja. As empresas elevaram os preços desses produtos nos mercados europeus com a garantia de que o valor seria repassado aos agricultores no final da cadeia de produção.
Agora, uma entidade e uma rede de postos garantem a distribuição do que chama de "verdadeiro combustível ecológico", que respeita tanto os aspectos sociais como ecológicos. A entidade Aliança Sul e a empresa Gebana, ambas da Suíça, estão sendo as responsáveis por gerenciar o projeto para incrementar o valor pago por litro e garantir, assim, que os produtores possam ter uma renda maior. Além disso, só comprará o produto de áreas em que um projeto de gestão da floresta for estabelecido.
Para a Migrol, uma rede de postos, essa é uma garantia de que, ao comprar o biodiesel, o consumidor não estará contribuindo para que a soja ganhe áreas de preservação em outros países.
Parte do combustível será comprado de um grupo de 350 famílias em Capanema, no Paraná. Os produtores receberão um valor mais alto por seu biodiesel produzido de uma forma que respeita o meio ambiente. Em troca, receberão R$ 0,50 centavos a mais por litro vendido que o biodiesel comercializados por seus concorrentes.
Nos postos na Europa, o biodiesel ecológico será mais caro que todos os demais combustíveis. Custará o equivalente a 1,4 euro (R$ 3,78) por litro, contra 1,1 euro cobrado pelo biodiesel comum. Para a direção do projeto, contudo, os consumidores suíços estão dispostos a pagar mais, sabendo que o dinheiro acaba gerando maior renda para a população rural e ainda garantindo a preservação de florestas.
Jamil Chade
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