terça-feira, 24 de abril de 2007

Quercus apela a regras na produção de biocombustíveis

Estamos perante uma forma de energia menos poluente mas ainda assim com riscos inerentes à sua utilização.

A associação ambientalista, portuguesa, Quercus alertou hoje para a necessidade de regras que minimizem os impactos ambientais dos biocombustíveis, uma energia que consideram "menos poluente" do que os combustíveis convencionais, mas que afirmam ter alguns "riscos". Um estudo publicado hoje no Reino Unido indica que o bio-gasóleo produz praticamente tantos gases com efeitos de estufa como o gasóleo convencional. "É indiscutível que os biocombustíveis são uma energia menos poluente do que a de derivados do petróleo. O problema é não haver regras e usar-se, por exemplo, um tractor ou pesticidas para produzir a colza que está na base do biodiesel", afirmou entretanto o presidente da Quercus, Hélder Spínola.

O ambientalista defende que é também necessário garantir que o processo de fabrico das matérias-primas não arrasta outros problemas, como o esgotamento dos solos, a destruição de florestas para esta produção agrícola ou o uso de tractores ou outros veículos que emitem gases com efeito de estufa. "É que se forem usados tractores, os gases com efeito de estufa poupados pelo biocombustível acabam por não compensar as emissões que estiveram na base da produção desse combustível", comentou.

Outro alerta deixado por Hélder Spínola refere-se ao comportamento da União Europeia: "Não podemos continuar a importar matéria-prima do Brasil, por exemplo, resolvendo o problema da Europa e prejudicando o de outros locais no mundo. É fundamental que as metas europeias não sejam satisfeitas à custa da importação de matérias-primas". O especialista defende uma produção europeia "regrada" destas matérias-primas, para que não sejam agravados problemas como o esgotamento dos solos. Segundo Hélder Spínola, a novidade do estudo hoje publicado no Reino Unido "é considerar as consequências dos biocombustíveis em todo o seu processo de produção".

O estudo foi feito por analistas da revista "Chemistry & Industry" que compararam as emissões de gases com efeito de estufa dos dois tipos de gasóleo durante os seus ciclos de vida, desde a sua produção à combustão nos motores dos veículos. Os resultados mostraram que o gasóleo derivado de sementes de colza, produzidas em explorações agrícolas dedicadas, emite quase a mesma quantidade de gases com efeito de estufa (CO2 ou equivalentes) por quilómetro conduzido do que o gasóleo convencional. Mas se os terrenos usados nas culturas da colza servissem antes para plantar árvores, o gasóleo derivado do petróleo emitiria apenas um terço das emissões equivalentes de C02 como gasóleo biológico (biodiesel), refere o estudo.

O gasóleo produzido a partir da colza é o mais importante combustível de fonte renovável usado na Europa, tendo por base contribuir para o cumprimento das metas europeias de redução dos gases com efeito de estufa, prevista no Protocolo de Quioto. O compromisso europeu é o de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 08 por cento até 2012 (face às emissões de 1990) e em 20 por cento até 2020.

Fonte: Luso Motores

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