O interesse mundial pelo biocombustível está alavancando a produção de outras oleaginosas além da soja no País. Só na última safra a área plantada de girassol e mamona avançou 17,3% (de 66,9 mil hectares para 80,9 mil hectares) e 27% (de 147,9 mil hectares para 203,3 mil hectares) e a produção saltou 22% e 30% respectivamente, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O presidente da Brasil Ecodiesel, Nelson José Côrtes da Silveira afirma que a empresa deverá promover o aproveitamento de 300 mil toneladas de mamona e semente de girassol até o final do ano. A companhia pretende ampliar para 25% o uso dessas espécies na obtenção de óleos vegetais, promovendo uma redução de 85% para 75% no uso de soja. “São culturas de segurança, estão menos sujeitas a irregularidades climáticas e requerem menor investimento por hectare”, avalia Silveira. Segundo o presidente da Brasil Ecodiesel, a soja não é sustentável a longo prazo para a produção de biocombustível.
Para fomentar o aumento da produção a empresa, que investe em agricultura familiar e hoje atua em 436 municípios, deverá ampliar sua rede de produtores parceiros que hoje é de cerca de 100 mil agricultores e chegar a 1.200 municípios até o final de 2007. No ano que vem a companhia espera que até 40% da sua matéria-prima seja proveniente de agricultores familiares, o que representará 250 mil toneladas de óleo. “O principal objetivo da Brasil Ecodiesel é organizar a agricultura familiar. Nosso foco é o desenvolvimento regional do Nordeste”, diz.
Atualmente, a capacidade das 21 plantas autorizadas para a produção de biodiesel pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é de 789,42 milhões de litros, desses 256,5 milhões poderão ser gerados pela Brasil Ecodiesel.
A Caramuru também irá se expandir este ano. Segundo o vice-presidente da companhia, Cesar Borges, a empresa está estudando o mercado e dentro de 90 dias irá anunciar novos investimentos. Desde a explosão do mercado de biocombustível investidores de vários países já procuraram a empresa para propor negócios voltados exclusivamente para a agroenergia. “A empresa está aberta para o capital estrangeiro, mas espera investimentos de forma global”, afirma Borges. Atualmente, a Unidade de Extração e Refino de Óleos Especiais da companhia, que extrai óleo de soja, milho, girassol e canola tem capacidade para processar 500 toneladas por dia.
A Oleoplan espera apenas o licenciamento da ANP para colocar mais uma usina em funcionamento. Este ano a produção da empresa deve chegar a 100 milhões de litros, sendo que 10% já foi vendido para a Petrobras. Com foco na agricultura familiar a Oleoplan desenvolve projetos de mamona, canola, girassol, pinhão manso e tungue. Este ano irá implementar lavouras piloto de mamona abrangendo pelo menos 3 mil produtores familiares. A Granol Indústria, Comércio e Exportação também acaba de anunciar a construção de mais uma unidade produtora de biodiesel.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também deve iniciar ainda neste semestre um grande projeto em rede de pesquisa em oleaginosas. Um grupo multidisciplinar de pesquisadores em unidades de pesquisa de todo o País estão mobilizados para estudar a viabilidade socioeconômica e ambiental das cadeias produtivas da canola, girassol, mamona, soja e dendê. “Nessas pesquisas estão sendo desenvolvidos novos sistemas produtivos sustentáveis, cultivares mais apropriadas e novos processos de extração de óleo”, explica a coordenadora de articulação e integração de projeto do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, Suzana Druck.
Segundo ela, desde que o tema de biocombustíveis se tornou pauta constante dos assuntos do governo a demanda por pesquisas e o interesse pelo trabalho que a Embrapa vem desenvolvendo nessa área aumentou, inclusive por países da Europa. Há um namoro da União Européia nessa área, mas não há ações efetivas. A Embrapa tem sido bastante procurada, mas projetos internacionais não se estabelecem do dia para a noite”, diz Druck.
Priscila Machado
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