quarta-feira, 4 de abril de 2007

Expansão de biocombustíveis no Brasil se dará via mercado interno, diz consultoria

Em relatório divulgado na última terça-feira (27), a Tendências Consultoria afirmou que o crescimento do setor de biocombustíveis no Brasil se dará por meio de recursos do próprio mercado interno. "O que se pode afirmar é que, por ora, o principal caminho para o desenvolvimento dos segmentos de álcool e biodiesel no país virá do imenso potencial do mercado interno brasileiro", diz o documento.

A recente visita do presidente norte-americano George W. Bush ao Brasil agitou o complexo sucroalcooleiro do país, sobretudo pela expectativa dos Estados Unidos reduzirem substancialmente os impostos incidentes na importação do produto brasileiro.

"Com os olhos voltados para o desenvolvimento do próprio mercado doméstico, o governo Bush não tomou nenhuma medida nesse sentido, restringindo-se em assinar acordos de cooperação tecnológica", afirmam os analistas da consultoria.

Alternativa frente ao petróleo

A dependência do petróleo tem feito vários países tomarem resoluções de restrição ao uso de combustíveis fósseis, substituindo-os por combustíveis alternativos. A recente postura dos Estados Unidos é um claro exemplo disso.

"Eles vêm o álcool como uma possibilidade de estarem menos expostos à volatilidade dos preços do petróleo, intimamente ligado ao fato de a maior parte da produção mundial ainda estar no Oriente Médio, região extremamente conflitante", dizem os analistas da consultoria.

Além disso, o mercado petrolífero ainda sofre a pressão da influência da ação coordenada dos integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para se manter os preços internacionais em patamares elevados. Com o álcool e o biodiesel, surgiria uma alternativa mundial.

Competitividade brasileira

Segundo a Tendências, o Brasil consegue fabricar álcool ao menor custo se comparado ao restante do mundo. Para se ter uma idéia, o limite mínimo de substituição da gasolina por esse derivado sucroalcooleiro é de US$ 25,00 por barril de petróleo. "Para o etanol norte-americano, feito de milho, esse limite é de US$ 40,00, enquanto que chega a US$ 55,00 no caso do biodiesel feito de soja", ressaltam os analistas da consultoria.

Esse cenário extremamente rentável permite que o Brasil tenha uma capacidade de desenvolvimento sem necessitar de subsídios governamentais. "O país também se destaca pela bem-sucedida adaptação e pelo uso já amplamente difundido do álcool na frota brasileira de veículos", diz a Tendências.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 83% dos automóveis leves vendidos mensalmente atualmente no Brasil contam com a tecnologia flex fuel, sendo que, desde janeiro de 2003, foram comercializadas mais de 3 milhões de unidades.

Exportações: aumento no longo prazo

No que se refere ao mercado externo, a projeção da Tendências é a de que, em um período de 10 anos, as exportações brasileiras de etanol cheguem a 7 bilhões de litros, contra os atuais 2,73 bilhões de litros. "As vendas externas serão importantes para o complexo sucroalcooleiro do país, mas não serão um driver para a produção interna", ressaltam os analistas da consultoria.

Não obstante, a Tendências faz uma ressalva considerável no que tange às exportações do Brasil. "Não é possível confiar cegamente em nenhuma projeção para as vendas externas, as quais dependem intrinsecamente de decisões discricionárias dos governos de todo o mundo", diz a consultoria.

Na opinião dos analistas da Tendências, a rentabilidade verificada atualmente nesses embarques não deve se sustentar no longo prazo, na medida em que outros países deverão incrementar a sua produção e os preços tenderão a recuar.

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