segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Avanço do biocombustível deve fortalecer agricultura familiar

O avanço dos biocombustíveis na matriz energética brasileira vai abrir oportunidades para os pequenos negócios relacionados à agricultura familiar. A avaliação é do professor Ignacy Sachs, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais em Paris, durante o seminário «Agroenergia e Pequenos Negócios», em Brasília. ‘Os empregos e as oportunidades para os pequenos negócios já estão surgindo em áreas com produção de matérias-primas, no seu processamento e no aproveitamento dos subprodutos‘, apontou.

Sachs, que participou do painel «Matriz Energética Brasileira - A importância da Agroenergia», lembrou que as sucessivas oscilações no preço do petróleo acabaram por colocar a questão da bioenergia definitivamente na pauta mundial. ‘Nos Estados Unidos e no Brasil, essa questão já é uma janela de oportunidades‘, assinalou. ‘E as condições já estão dadas para se avançar no caminho do fortalecimento da bioenergia‘, acrescentou.

O professor Sachs avaliou que algumas questões devem ser observadas para não excluir a agricultura familiar dessa cadeia produtiva da agroenergia. Uma delas está relacionada ao tipo de matéria-prima a ser usada na produção do óleo combustível de origem vegetal. Segundo ele, caso se priorize a soja, é possível que a agroenergia não tenha o mesmo potencial de geração de empregos na agricultura familiar como têm a mamona, pinhão-manso, girassol, dendê, babaçu e até mesmo o amendoim.

‘Se for a soja a principal alternativa de matéria-prima para produção de biocombustíveis no Brasil, não vamos enxergar trabalhadores no campo, mas apenas máquinas agrícolas‘, afirmou Sachs. ‘E não é possível que, em função da necessidade de expandir a agroenergia, o país transforme seus campos novamente em oceanos de monocultura‘, acrescentou.

Atualmente, há no Sistema Sebrae dois projetos em andamento na área da agroenergia. Outros seis projetos em quatro estados (Bahia, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo) estão sendo formatados. Um dos projetos do Sebrae já em andamento teve início em 2004, no Piauí. O outro, em Alagoas, foi recentemente aprovado. Os projetos envolvem agricultores familiares e cooperativas de produtores que comercializam para usinas de biodiesel.


Fonte: Hoje em Dia - MG

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