sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Pesquisadores do Brasil e exterior estudam o pinhão manso para produção de biodiesel

No contexto atual de produção de biodiesel, no qual inclusive a Organização das Nações Unidas (ONU) tem discutido matérias-primas alternativas, que não sirvam de alimento, o pinhão manso tem sido tema de destaque. No Brasil, com o advento do Programa Brasileiro de Biodiesel, de acordo com a Embrapa, esta opção está baseada no fato da planta possuir alta produtividade de óleo, ter baixo custo de produção e ser resistente mesmo na região semi-árida do país.

No laboratório da Westfalia Separator (WS) Food da Alemanha, empresa que pertence ao grupo GEA, líder mundial em equipamentos industriais, o pinhão manso tem sido estudado visando o pré-tratamento e transesterificação desta oleaginosa. Segundo Klaus-Peter Eickhoff, responsável pela área de Óleos e Gorduras da WS da Alemanha, as pesquisas preliminares demonstram que não há dificuldades em se processar esta matéria-prima para a produção do biocombustível. Lincoln Neves, químico de processos e vendas do setor de Óleos e Gorduras da Westfalia Separator do Brasil destaca que apesar de preliminares, essas pesquisas são de extrema importância para o avanço da produção de biodiesel no Brasil.

A produção de pinhão manso também pode possibilitar o aumento da geração de emprego na área rural, inclusive em locais com clima seco, diz Eickhoff. E ainda, como afirma Neves, "É preciso aproveitar o potencial de outras matérias-primas, principalmente aquelas que não são utilizadas como alimentos e ainda ocupam áreas para plantio onde outras oleaginosas não se desenvolvem".

Em Minas Gerais, através da EPAMIG, pesquisas sobre a cultura do pinhão manso, para o aprimoramento de variedades mais produtivas, são realizadas em diferentes regiões do Estado. Mas o pesquisador chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente, Alfredo José Barreto Luiz, revela que ainda são necessárias mais pesquisas sobre o cultivo e o manejo da oleaginosa em larga escala. "O pinhão manso não é uma planta domesticada, mas como as suas sementes são, reconhecidamente, boa fonte de óleo, com algumas características que o qualificam para uso como combustível, foi escolhido para ser pesquisado no sentido de descobrirmos se é possível cultivá-lo em escala comercial e, se for possível, como é a melhor forma e fazê-lo", diz Barreto. Para Neves, o que falta é justamente aperfeiçoar o processo produtivo.

Aproveitando este contexto, a Westfalia Separator do Brasil disponibiliza para instalação em fábricas no país uma tecnologia de ponta para o pré-tratamento de oleaginosas, que não gera resíduos indesejáveis durante a produção de biodiesel. "A alta performance da tecnologia contribui para um maior rendimento na produção de biodiesel, gerando economia de insumos e mais receitas com subprodutos", afirma Neves.

Pinhão manso: vantagens e desvantagens
O pinhão manso, arbusto da caatinga, apresenta boa produtividade em terras pouco férteis, com diferentes condições de climas desde áridos até seco. Além do baixo custo para produção, o que pode estimular a agricultura familiar e a consequentemente geração de emprego; ao contrário de outras oleaginosas não pode ser consumido para a alimentação, portanto, é uma opção para a produção do biodiesel.

Apesar deste contexto, a planta não é considerada domesticada no Brasil, o que significa que não há nenhuma variedade reconhecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Também não existe linha de crédito oficial para essa cultura, nem seguro agrícola. Assim como não há nenhuma recomendação oficial de manejo da cultura, como adubação, espaçamento, tratos culturais etc; nem referente a produto para controle de pragas no Brasil.

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