quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Coplacana vai fabricar biodiesel

Os produtores de cana-de-açúcar vinculados a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana) terão sua própria usina de biodiesel em fevereiro de 2008. O óleo será extraído da soja, cultivada em área de rotação da cana e irá movimentar colheitadeiras, treminhões, tratores e demais equipamentos da frota da cooperativa e de seus cooperados.

Os ciclos de desenvolvimento da cana e da soja são bem definidos, o que permite intercalar essas culturas em diferentes momentos em um mesmo espaço sem prejuízo a nenhuma delas, explica o engenheiro agrônomo e gerente-administrativo da Coplacana, Klever José Coral.

A semeadura da soja acontece em outubro, logo após a colheita da cana. E a usina entra em operação no fim da colheita da soja, em fevereiro, quando os produtores já se preparam para a próxima lavoura de cana.

Segundo Coral, a chamada cana de ano e meio (ciclo de 18 meses) deixa a terra livre por 6 meses entre o fim da colheita e o início do replantio. "Podemos aproveitar a mesma estrutura de mão-de-obra e maquinários da cana, com poucas adaptações", explica. A cana de ano (12 meses) entra no rodízio.

A princípio a soja ocupará as áreas canavieiras em que a queimada é proibida, como a faixa de um quilômetro no entorno do perímetro urbano. O projeto envolve 50 cidades localizadas até um raio de 200 quilômetros de Piracicaba. E também o espaço entre redes de eletricidade e com grande declividade, de difícil acesso para as máquinas.

Rodovia do Açúcar A primeira unidade será inaugurada em fevereiro na Rodovia do Açúcar, km 171, em Piracicaba. A capacidade será de 45 mil litros de óleo de soja por dia (45 m³/dia) ou 13,5 milhões de litros por ano. Segundo o agrônomo e empresário, se a composição do biodiesel for B20, ou seja, 20% de óleo de soja misturada a 80% de óleo diesel, a produção será de 180 mil litros de B20 por dia (quase 50 milhões de litros por ano).

Resíduos rentáveis O resíduo da moagem do grão, o farelo de soja, subproduto muito valorizado como complemento alimentar animal 100% vegetal para bovinos, suínos e aves, também poderá gerar receita. Atualmente, os pecuaristas da região compram o farelo longe, por falta do produto em locais próximos. A usina irá gerar mil toneladas por dia de farelo, suficiente para abastecer grande parte da região segundo Coral.

No início da operação a usina irá produzir apenas 15 m³ de óleo, assimilando a soja cultivada em uma área inicialmente prevista de 10 mil hectares. Esse volume será ampliado com o tempo, até atingir a capacidade total.

A disponibilidade de área para soja é de 35 mil hectares, divididos entre os 7 mil cooperados ligados às 14 filiais da Coplacana.

O investimento na construção da usina será em torno de R$ 10 milhões, bancados em parte pela cooperativa e complementado por recursos vindos de linhas de crédito do Finame, por meio do BNDES. A usina irá empregar 30 pessoas na linha de produção e no laboratório para pesquisa e análise.

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