quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Diversificação e Nacionalização da materia-prima do Biodiesel

A Petrobras está investindo para diversificar as matérias-primas usadas na produção de biodiesel, com a intenção de evitar as oscilações de preços de outras sementes que estão sujeitas ao mercado de alimentos, como a soja. A estatal quer garantir a liderança na fabricação do combustível a partir de sementes oleaginosas de plantas tipicamente brasileiras, como a mamona, o dendê e o pinhão-manso.

De acordo com o gerente de Desenvolvimento Energético da estatal, Mozart Schmitt, a empresa já está conseguindo provar que o desempenho do biodiesel de mamona não fica atrás do combustível feito a partir de soja, pelos dados preliminares de um estudo que está feito em conjunto com a Ford e a Unifacs, da Bahia. O estudo compara o desempenho do diesel comum com misturas de 5% (o chamado B5) de biodiesel feito apenas com mamona ou apenas com soja nos motores de seis veículos Ford Ranger. "Até o momento, os veículos testados já rodaram 45 mil quilômetros e não houve diferença entre os combustíveis", disse Schmitt.

Outro importante braço de pesquisas da Petrobras na área de biodiesel está no Rio Grande do Norte, onde a estatal montou duas unidades experimentais de produção de biodiesel, no parque industrial de Guamaré. Ambas unidades produzem a partir da mamona e de outras oleaginosas e podem começar a operar comercialmente já no ano que vem, podendo atingir capacidade entre 18 mil e 20 mil toneladas de biodiesel por ano, o suficiente para abastecer o mercado potiguar da mistura de 5% (B5) de biodiesel ao diesel comum, que só começará a ser obrigatória em 2013. Ao todo, a Petrobras está investindo cerca de R$ 20 milhões nesses dois projetos. Uma dessas plantas opera com a tecnologia tradicional de produção de biodiesel, que usa óleos vegetais para produzir o combustível.

A outra planta já utiliza nova tecnologia desenvolvida pela própria Petrobras, com produção do biodiesel a partir diretamente da semente. "A vantagem desse procedimento é exatamente a de pular uma das etapas da produção", disse o consultor-sênior da Petrobras responsável pela tecnologia, Carlos Khalil, explicando que, com essa nova técnica, não é necessário transformar as sementes em óleos vegetais.

A Petrobras ainda está analisando se o processo de fabricação a partir da semente é, de fato, mais eficiente do que o que usa os óleos. Mozart Schmitt destacou que uma vantagem clara da produção por sementes é a possibilidade de se instalar usinas de biodiesel em locais mais isolados, próximos dos produtores de grãos, mas distantes de unidades de fabricação de óleos.

Custo

O custo também foi destacado por Schmitt como uma vantagem, já que a compra do óleo representa cerca de 80% do custo de produção do biodiesel. As técnicas em desenvolvimento nos dois projetos serão utilizadas pela Petrobras para adaptar as três grandes usinas em contrução em Candeias (BA), Quixadá (CE) e Montes Claros (MG). Elas têm previsão de iniciar as operações até o fim deste ano. Para construir essas unidades, a Petrobras contratou a empresa Intecnial, que usa tecnologia americana de produção, que prioriza o processamento da soja.

As três grandes usinas terão capacidade total de 171 milhões de litros de biodiesel por ano — suficiente para abastecer cerca de 20% dos 800 milhões de litros que serão necessários para que todo o diesel vendido no país contenha 2% de biodiesel a partir do ano que vem, conforme determinação do governo.

A meta principal da Petrobras é a de atingir, no longo prazo, a liderança na produção de biodiesel no país. A expectativa da empresa é a de atingir, em 2011, uma produção de 855 milhões de litros.

Fonte: Monitor Mercantil

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