A produção de biocombustíveis será uma saída "marginal" para as colheitas de cereais da UE pelo menos até 2010, segundo um relatório publicado pela Comissão Europeia (CE) sobre as perspectivas dos mercados agrícolas para 2007-2014. Bruxelas calcula que a procura de matérias-primas para a produção de biocombustíveis aumente, mas prevê que sejam necessários vários anos até que o desenvolvimento destes combustíveis ecológicos tenha um impacto na produção cerealífera comunitária.
Segundo a CE, o cultivo para biocombustíveis "deixará de ser uma saída de mercado marginal" a partir de 2010. Dentro dos mercados comunitários, a venda de cereais crescerá ligeiramente graças à procura emergente de bioetanol (combustível a partir de álcoois ou açucares agrícolas) e biomassa, assim como as iniciativas empreendidas pela UE.
Os líderes da UE concordaram em impor um uso mínimo de biocombustíveis, de maneira que em 2020 estes represente 10 por cento do consumo de energia nos transportes. Em geral, a CE calcula que a renda agrícola terá uma evolução favorável a médio prazo e poderá crescer 21 por cento entre 2006 e 2014, ainda que este aumento "esconda" diferenças entre os rendimentos dos agricultores dos países que entraram na UE antes de 2004 e os 12 que se incorporaram depois do Centro e Leste da Europa.
Após a cimeira UE/Brasil, realizada a 4 de Julho, em Lisboa, a Comissão Europeia promoveu uma conferência mundial sobre biocombustíveis, na qual participaram o presidente do Brasil, Luís Inácio "Lula" da Silva, o presidente em exercício da UE e primeiro-ministro português, José Sócrates, assim como académicos e representantes de companhias do setor.
Segundo a Comissão europeia, a procura de rações "estancará" e baixará ligeiramente devido ao aumento de resíduos de proteínas vegetais procedentes da produção de biocombustíveis, que serão emtregues para a alimentação animal. Bruxelas prevê que o setor das oleaginosas aumentará a produtividade, devido a melhores condições nos mercados mundiais e ao aumento da procura de biodiesel (combustível ecológico obtido de gorduras vegetais).
Embora a UE vá contar com um aumento de produções como a soja, colza ou girassol, continuará a ser um importador líquido nos próximos sete anos. Quanto ao sector do açúcar, a Comissão augura um "período de transição" até 2009, durante o qual haverá um alto nível de existências, até que as indústrias se reestruturem, se liberalizem as importações de países menos avançados e se expanda a indústria dos biocombustíveis.
Nas produções animais, as perspectivas da CE são "relativamente positivas" para o sector avícola, porcino e os mercados lácteos, enquanto que cairá o sector do gado vacum. O consumo de carne por pessoa na UE sairá da crise a causa da gripe aviária e aumentará em 3,2 por cento até 2014. Também se prevê uma queda da produção de carne de cordeiro e de caprinos.
Fonte: O Mirante On Line
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