O secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento), Supachai Panitchpakdi, isentou os biocombustíveis pela alta mundial dos preços dos alimentos.
Na sua avaliação, grande parte da crise mundial de abastecimento se deve à má estrutura de distribuição dos produtos agrícolas.
Supachai citou o caso brasileiro como exemplo de compatibilidade entre produção de alimentos e biocombustíveis. "O Brasil provou que isso é possível. Continua como um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e é o maior produtor de álcool", disse ele, durante entrevista coletiva, realizada antes da sessão de encerramento da 12ª Unctad, em Gana.
Na avaliação de Supachai, a maioria dos países africanos ainda tem terras disponíveis para produzir alimentos e biocombustíveis. O seu entusiasmo ficou mais claro durante o discurso na plenária final, quando elogiou o acordo firmado, esta semana, entre Brasil e Gana para a produção de biocombustíveis a partir de transferência de tecnologia da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
Apesar dos comentários positivos, o secretário-geral frisou que a Unctad não prega a adoção do modelo brasileiro em todo mundo. "O exemplo esta aí e devemos aprender com eles [brasileiros]. É bom para os países do Sul aprenderem com as experiências dos outros, mas não penso que os exemplos possam ser simplesmente repetidos em todos os lugares."
Segundo Supachai, a Unctad tem alertado os governos dos países pobres para que definam suas estratégias de desenvolvimento antes de apostar em um programa de biocombustíveis.
"Na minha opinião, não são todos os países que podem investir em programas de biocombustíveis. Depende de sua receita, de tecnologia, de capacidade de investimentos. Não se trata apenas de considerar a produção de alimentos. É preciso pensar que as fábricas vão precisar se instalar em algum lugar, é preciso pensar no meio ambiente e na preservação das florestas, é preciso considerar muitas outras coisas", ponderou.
Folha de S.Paulo
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