Produtores de biocombustíveis reunidos na Espanha negaram veementemente as acusações de que são os responsáveis pelo aumento dos preços dos alimentos e pela fome mundial.
À medida em que o mundo busca uma oferta sustentável de energia e maneiras de reduzir as emissões de gás do efeito estufa, tem aumentado a preocupação de que a terra usada para agroenergia está competindo com a área plantada com alimentos.
Oradores de uma convenção sobre biocombustíveis, que terminou na quinta-feira em Sevilla, foram unânimes em dizer que a produção para biocombustíveis responde por apenas 3 por cento da demanda mundial por grãos.
Josep Borrell, presidente do Comitê de Desenvolvimento do Parlamento europeu, afirmou que a demanda é muito pequena para explicar um salto nos preços do arroz, estimado em 76 por cento entre dezembro de 2007 e abril de 2008 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação.
"A indústria de biocombustíveis não pode ser o bode expiatório para os aumentos brutais dos preços", disse ele à Reuters em uma entrevista.
Borrell argumenta que os altos preços dos grãos podem na verdade tornar a agricultura mais rentável para pequenos produtores dos países em desenvolvimento, evitando a migração para as já superlotadas cidades.
Membros da indústria dizem que os preços dos grãos subiram devido a um aperto do crédito em todo o mundo, o que levou os fundos de investimentos a entrarem no mercado de commodities.
"Isso é logicamente parte do mercado, mas vale lembrar que posições especulativas no mercado de milho de Chicago são hoje três vezes os estoques para o final da temporada 2008/09, como previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA", disse Javier Salgado, presidente da Abengoa Bioenergy, um dos maiores produtores de biocombustível da Europa.
Muitos afirmam que a indústria tem sido alvo de uma campanha hostil da mídia, incluindo Bob Dinneen, presidente da Associação de Combustíveis Renováveis dos EUA.
"O mundo ficou louco", disse Dinneen. "O que já chegou a ser considerado uma maneira de curar nosso vício em petróleo é agora um crime contra a humanidade".
Para muitos europeus, o debate entre alimentos e combustíveis é redundante, já que eles não podem competir com as importações de biodiesel dos EUA, que segundo eles recebem isenções tarifárias injustas.
"O problema está com a legislação dos EUA e apenas os EUA podem mudar isso", disse Raffaello Garofalo, chefe do Conselho Europeu de Biodiesel (EBB).
Em resposta, representantes norte-americanos reclamaram que as especificações técnicas da UE têm sido delineadas para bloquear o biocombustível norte-americano.
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