quarta-feira, 7 de maio de 2008

Apesar dos obstáculos, os biocombustíveis continuam avançando

Por Antonio Carlos Porto Araujo *

A produção dos biocombustíveis no mundo cresceu cerca de 20%, atingindo a marca de 54 bilhões de litros em 2007. Isso significa que este produto alcançou um share de 1,5% da fonte global de combustíveis líquidos, representando um acréscimo de 0,25% sobre 2006. Esse número deverá crescer exponencialmente, já que 50% da energia consumida nos Estados Unidos vêm do carvão, altamente emissor de gases de efeito estufa.

A produção global do etanol é basicamente derivada da cana-de-açúcar, que em 2007 cresceu 18%, atingindo 46 bilhões de litros, confirmando seguida alta nos últimos cinco anos.

No caso do biodiesel no Brasil, a soja ainda é predominantemente a principal oleaginosa utilizada como matéria-prima. O país já tem tecnologia desenvolvida para produção de biodiesel a partir de outras fontes, como a palma (dendê), mas ainda investe em inovação para aproveitar essa capacidade em ganho de escala comercial do ponto de vista energético.

Os Estados Unidos, que produz o etanol a partir do milho, aumentou em 2007 a destinação para produção do biocombustível, ampliando de 15 para 90 milhões de toneladas anualmente, ocasionando alta generalizada dos preços das commotidies alimentícias. De acordo com projeções, o consumo de biocombustíveis nos EUA em 2020 será de cerca de 140 bilhões de litros anuais, movimentando algo em torno de US$ 50 bilhões.

Ao mesmo tempo, várias manifestações, sobretudo de organizações européias, têm eclodido, condenando o uso do etanol na Europa com argumentos sobre a insuficiente eficiência ambiental. Essas manifestações contrárias baseiam-se na eventual substituição de área agricultável de produção de alimentos para plantação de culturas para biocombustíveis, sobretudo palma.

Como resposta, a comunidade européia recentemente propôs um acordo inicial em questão de padrões de sustentabilidade para os biocombustíveis: em geral, que produzam emissões de gases de efeito estufa no mínimo 35% menos do que os combustíveis fósseis até 2015; e um mínimo de 50% menos a partir de 2015.

A questão é polêmica, mas não pode ser alijada de um fato concreto: os biocombustíveis são um caminho sem volta na ocupação de espaço cada vez maior na matriz energética mundial.


* Antonio Carlos Porto Araujo é ambientalista, consultor da Trevisan Consultoria e professor da Trevisan Escola de Negócios.


Fonte: Trevisan

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