A sucroalcooleira Santaelisa Vale anunciou ontem uma joint venture entre sua controlada Crystalsev e a americana Amyris, especializada em biotecnologia, para a criação de uma companhia voltada à produção e comercialização do inédito biodiesel renovável extraído da cana-de-açúcar. Batizada de Amyris Crystalsev Biocombustíveis, deverá entrar em operação em 2010 usando como plataforma a sede da Santaelisa. Localizada em Sertãozinho (SP), a meta é produzir cerca de 4 bilhões de litros do biocombustível até 2015. A Amyris ficará com 70% do capital da nova empresa e a Santelisa com 30%.
No ano passado, o Brasil consumiu 45 bilhões de litros do diesel convencional. Com isso, o foco da companhia será o mercado doméstico e a projeção é ocupar pouco menos de 10% desse mercado nos primeiros cinco anos. "A estratégia é agregar valor ao produto com a Santelisa e utilizar a logística de distribuição da Santelisa", observa Rui Lacerda Ferraz, presidente da Crystalsev.
A vantagem apontada em relação ao biodiesel convencional, extraído de oleaginosas, seria em relação ao percentual de mistura no tanque e principalmente ao custo de produção. Com o diesel de cana, o percentual de mistura ao diesel convencional pode chegar até 80% sem a necessidade de adaptações dos motores. A diferença está no processo de fermentação, onde são adicionadas leveduras que estimulam a produção do óleo a partir do suco da cana, que logo em seguida é encaminhado para a finalização.
"O foco do produto não é substituir o diesel convencional e nem o biodiesel. Mas obtermos uma nova matriz renovável e mais limpa", disse o presidente da Amyris, John Melo. Ele estima que o custo do barril do diesel de cana deve ficar próximo de US$ 60,00, enquanto o de biodiesel é de US$ 150,00. O produto ainda reduz em até 80% a emissão de poluentes. Melo lembra que o processo para obter o diesel de cana é o mesmo que o do álcool.
A estimativa é de um investimento de até US$ 35 milhões para adaptar o processo na usina. Ancelmo Lopes Rodrigues, presidente da Santelisa, explicou que o futuro do setor depende de novas tecnologias e ressaltou que é importante agregar mais um produto ao portfólio da empresa, gerando uma maior participação no mercado. "Essa diversificação na usina pode reduzir em 10% os custos operacionais. Atualmente, o custo total é de US$ 100,00 a tonelada", avaliou.
Ferraz disse ainda que a tendência é de que o Brasil seja referência em biocombustíveis e ressaltou que a crise dos alimentos não é causada pela cana. "A cana ocupa apenas sete milhões de hectares no Brasil". Avaliou também que a produtividade de etanol por hectare de cana é 7,5 mil litros, contra 3 mil litros do milho. "Isso significa maior produção em uma área menor".
Fonte: Gazeta Mercantil
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