O aumento no preço da soja causa problema na produção de biodiesel, que é feito a partir do grão.
A produção de biodiesel, no Brasil, está sendo feita quase toda a partir da soja. Só que o preço do grão subiu nos últimos tempos e isso está causando problema.
Desde janeiro deste ano é obrigatória a adição de 2% de biodiesel no diesel utilizado pela frota brasileira. Atualmente, oitenta por cento do biodiesel é obtido a partir do óleo bruto de soja. O mercado é regulado pela ANP, Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. A comercialização tem sido feita por meio de leilões. De 2006 para cá já foram realizados nove.
A soja, que é vendida para as esmagadoras, pode virar farelo, óleo ou ir para a produção do biodiesel. Mas na hora de decidir em que transformar o grão, a conta do combustível biológico fica em desvantagem.
Uma usina em Campo Verde comprometeu-se no leilão do ano passado a vender para a ANP quatro milhões de litro de biodiesel. O problema é que o preço da matéria-prima é maior do que o valor obtido na venda do produto final, o biodiesel. A usina gasta uma média de R$ 2,40 para comprar um litro de óleo bruto de soja para produzir o biocombustível. Mas no leilão em que a usina participou, a ANP fixou o valor de venda do litro do biodiesel a uma média de R$ 1,86.
“Há dificuldade em encontrar lotes significativos dentro de um preço condizente com o que foi ofertado através do leilão da Petrobrás”, contou o gerente da usina Lluiz Gustavo de Moura.
Mato Grosso tem 18 usinas autorizadas a vender biodiesel nos leilões da ANP. Todas fecharam contratos a preços inferiores aos praticados hoje no mercado de óleo bruto de soja. Este mês, novos leilões foram realizados e o preço médio que a ANP vai pagar pelo litro do biodiesel subiu cerca de 40%. Foi para R$ 2,69 o litro.
Para a Ubrabio, União das Indústrias de Biodiesel, o aumento dá mais fôlego ao setor.
“Nós tínhamos relativamente aos leilões passados duas situações: os que fizeram a opção por vender com prejuízo e os que fizeram a opção por ficar parados. Então, tínhamos empresas recém-instaladas, modernas, operando com prejuízo. E empresas modernas paradas porque não quiseram trabalhar com prejuízo. Agora, pelo menos permite trabalhar sem estando a pagar para fazê-lo”, explicou Odacir Klein, presidente da Ubrabio.
Em Brasília, o Globo Rural procurou o Ministério de Minas e Energia.
Ricardo Dornelles é diretor do Departamento de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia. Ele participa das decisões sobre as políticas do biodiesel e acompanha o monitoramento do mercado em parceria com ANP, a Agência Nacional do Petróleo.
“Nesse primeiro semestre, três usinas foram vencedoras do leilão. Existem hoje duas usinas com atraso bastante significativo. Existem outros conjuntos de empresas que estão atrasadas também, mas em um nível ainda compatível com as regras previstas no edital. As providências estão sendo tomadas para que sejam aplicadas as penalidades previstas no contrato. A soja é usada como matéria-prima para a produção da soja porque é o grão é a estrutura agropecuária mais desenvolvida. Ao longo de décadas foram feitos grandes investimentos públicos e privados, no desenvolvimento de espécies, de aprimoramento genético, controle de pragas que dá um nível de conhecimento tecnológico muito grande e, por tanto, com altos índices de produtividade. As outras culturas estão neste processo. Com o passar do tempo, elas vão tirar o espaço da soja, já que elas têm uma densidade energética maior que a da soja, ou seja, tem mais óleo contido na semente do que na soja”, esclareceu Dornelles.
Segundo o Ministério, as empresas que não cumpriram os contratos estão respondendo a processos administrativos. Dependendo dos resultados, elas poderão ser proibidas de participar de novos leilões.
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