Relator da ONU pede suspensão da produção de biocombustíveisO relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, cujo mandato acaba nesta quarta-feira (dia 30), pediu nesta segunda (28) a suspensão da produção de biocombustíveis, apontados como uma das causas da forte alta nos preços dos alimentos.
No último dia 14, Ziegler havia classificado como "crime contra a humanidade" a produção de biocombustíveis. Dois dias depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu: "Crime contra a humanidade será descartar o biocombustível".
Há dez dias, o diretor-geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, também responsabilizou os biocombustíveis pela crise alimentar. Ele afirmou que os biocombustíveis são "um problema moral" e disse não descartar o apoio a uma moratória contra o produto.
OMC
Para Ziegler, os esforços da Organização Mundial do Comércio (OMC) para acelerar as discussões sobre liberalização do comércio trabalham contra aqueles que estão morrendo de fome.
"A linha tomada por Pascal Lamy (diretor-geral da OMC) é completamente contra os interesses das pessoas que estão morrendo de fome porque são exatamente as tarifas protecionistas que permitem que os produtores europeus cultivem lavouras para alimentação", disse ele.
A OMC e "os subsídios agrícolas de países ricos têm destruído a agricultura de países pobres, e um sistema mais aberto resultaria em menos distorção", acrescentou.
Ele também criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que "impôs aos países mais pobres" o cultivo de lavouras que não são destinadas à alimentação, reduzindo assim ainda mais a produção de alimentos.
Arroz
Indagado sobre medidas protecionistas adotadas por vários países produtores de arroz, Ziegler afirmou que tal atitude gera especulação. Mas ele disse entender a atitude desses países, "que consideram antes suas próprias provisões".
Segundo ele, esses governos "sabem que, na história, distúrbios sociais causados pela fome podem derrubar Estados inteiros."
Fonte: Portal G1
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