O professor Expedito Parente responde a comentários do professor Pedro Sisnando Leite, ex-secretário do Desenvolvimento Rural (Governo Tasso). No dia 21 passado, Sisnando questionou a eficácia da produção de biodiesel produção de biodiesel no Brasil e, em especial, no Nordeste. “Na verdade, a questão do biodiesel no Brasil está totalmente equivocada. A proposta da mamona para o Nordeste é uma ficção científica que não está dando certo, graças a Deus”, disse Sisnando. Parente é considerado o pai do biodiesel. Pesquisa a tecnologia há mais de 30 anos.
“Trata-se de uma cultura que convive bem no semi-árido, por se adequar a solos pouco férteis e exige pouca água. A produtividade que vem sendo obtida não está satisfatória devido à não utilização de sementes de qualidade e ao manejo inadequado por parte da agricultura familiar. Uma nova variedade mais produtiva foi posta à disposição dos agricultores a BRS Energia, e crescem cada vez mais as atividades de assistência técnica rural”.
Parente explica: “A Mamona contém a ricina e ricinina, duas proteínas que são tóxicas aos homens e animais, e é por essa razão que sua torta não serve como ração animal sendo, no entanto, um excelente fertilizante para agricultura. Para o homem não se constitui risco, por seu conhecimento, para os animais é suficiente o manejo adequado do rebanho”. Quanto à relação energia gasta versus energia produzida pelos biocombustíveis obtidos, Parente afirma que Sisnando obteve a informação equivocada. E dá um exemplo: o etanol feito da cana de açúcar necessita de uma unidade de energia para produzir oito, o biodiesel do óleo de palma (dendê) precisa de uma unidade e produz nove, no biodiesel de soja a relação é 4, no biodiesel da mamona é 3 e o etanol de milho apresenta a menor proporção que é 1,5 (informações fornecidas pela Embrapa).
“Não consta ser a expectativa técnica, científica, comercial e econômica da grande maioria das entidades, especialistas, empresários e governos do mundo inteiro. Portanto, a melhor alternativa seria ainda a substituição do Petróleo pelos Biocombustíveis”. Sobre a moratória proposta por Jean Ziegler (FAO), e endossada por Sisnando, Parente define como “um morticínio coletivo de várias cadeias produtivas ligadas aos biocombustíveis no Brasil e no Mundo, como do etanol e do biodiesel”. Para ele, provocaria a redução de imensas quantidades de empregos e ocupação de mão-de-obra. No Brasil, diz, já foram criadas 630 mil novas ocupações com a agricultura familiar.
Expedito Parente conclui afirmando: “O Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel tem muitas falhas, porém, temos condições de saná-las, especialmente considerando seu pouco tempo de duração e os resultados que começam a ser obtidos. Por fim gostaria de propor ao Professor Sisnando um debate ou um encontro, quando poderíamos tratar de todos esses assuntos pessoalmente”.
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