A mamona – quem diria – pode se tornar, até o final deste ano, uma importante fonte de renda para os micro, pequenos, médios e grandes produtores rurais do sul e sudoeste do Maranhão. Vendo o desempenho e a repercussão dentro e fora do Brasil do biodiesel, uma empresa do estado do Rio Grande do Sul, a Bioma, promete investir R$ 45 milhões de reais na construção de uma unidade industrial de beneficiamento do produto.
Projeto semelhante já foi desenvolvido pela empresa no Rio Grande do Sul, com a mesma tecnologia que agora deverá ser implementada no estado, abrindo oportunidades para agricultores e geração de emprego no empreendimento industrial, definido para o Distrito Agroindustrial de Porto Franco. A meta, já em 2007, é beneficiar até 1.500 toneladas de grãos de mamona por dia.
Outros municípios daquela região estão preparando os produtores para o fornecimento da matéria-prima. Trata-se de uma aposta ambiciosa da qual ninguém quer sair perdendo. A partir da mamona, será produzido o biodiesel – alternativa aos combustíveis derivados de petróleo, que também pode ser usado em carros, ou em qualquer veículo com motor a diesel.
O produto é o último item da cadeia produtiva dos derivados da mamona, oleaginosa de origem africana, de onde pode se desenvolver mais de 700 produtos. Em passado não muito distante, pouca atenção se dava no Maranhão a essa oleaginosa, muito usada pelos nossos avós como remédio caseiro para as doenças mais comuns, principalmente, das crianças.
Depois que o biodiesel se tornou uma realidade econômica viável e ecologicamente correta, até os bancos oficiais, antes resistentes ao financiamento da produção e custeio do plantio da mamona, começam a abrir linhas de crédito. Em São João do Paraíso, onde a primeira lavoura piloto já está pronta para ser colhida, o Banco do Brasil, agência de Porto Franco, liberou recursos para seis projetos e se tornou a primeira agência do Maranhão a disponibilizar dinheiro para o plantio da oleaginosa.
Mas, para que o projeto industrial de mamona obtenha resultado, é importante que os produtores rurais recebam apoio técnico dos governos estadual e municipais. Só com parcerias com secretarias de agricultura dos municípios é possível fazer com que a cultura da mamona obtenha o mesmo espaço e prestígio dispensados à soja, cana-de-açúcar e outras espécies.
Quando o presidente Lula viaja mundo afora, o seu principal discurso tem sido sobre as maravilhas do biodiesel como o combustível limpo do futuro, o potencial do cultivo e a tecnologia desenvolvida no Brasil, capazes de alavancar a economia e gerar empregos no campo e nas cidades. Só a Europa precisará de 20 bilhões de litros de biodiesel na próxima década e de 40 bilhões após 2020. Como é impossível a UE produzir tudo isso, o Brasil é um dos países habilitados para suprir não só as necessidades européias, como também americanas e asiáticas.
O Maranhão, que já foi o maior produtor de óleo de babaçu até a década de 70, quem sabe, agora, se destaque na produção de mamona. O governador Jackson Lago (PDT) confirmou o interesse de investidores estrangeiros pelas terras do Maranhão para produzirem biocombustíveis. Além de investidores franceses, grupos empresariais da Índia e do Japão estariam se preparando para se estabelecer no estado. Os indianos querem entrar no negócio de ferrovias, de olho no transporte de grãos; já os japoneses querem plantar cana-de-açúcar e produzir álcool.
Fonte: Editorial- Jornal O Imparcial on line
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