terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Projeto Suiço-brasileiro produzirá 50 mil hectares de Pinhão Manso em solo nacional

Definitivamente o Brasil já é destaque no mercado mundial de biocombustíveis, mas um projeto no Triângulo Mineiro promete cristalizar esse cenário e, mais do que isso, elevar a números de produção nunca antes imaginados.

Por meio de uma parceria inédita, a empresa suíça Global Agricultural Resources (GAR) empresa suíça e o Instituto Volta ao Campo (IVC) estão formando a base para a produção de biodiesel a partir de uma planta ainda pouco conhecida, o Pinhão Manso (Jatropha curcas). A parceria tem como meta produzir 50 mil hectares de pinhão manso em cinco anos. Para isso, foram assinados contratos com nove cooperativas do Triângulo Mineiro, até então voltadas para produção de hortigranjeiros, café, leite e derivados. Serão de 5 a 8 mil produtores cooperados envolvidos. Cada um deverá produzir de 5 a 10 hectares da oleaginosa.

Para o presidente do IVC, José Soares de Aquino, a escolha do pinhão manso para o projeto suiço-brasileiro deve-se a uma sinergia: "Tanto o Instituto, quanto a GAR, têm como princípio que o biodiesel deve ser gerado de oleaginosas que não tenham competição com a alimentação animal, nem humana".

O projeto

O interesse da GAR era encontrar no Brasil, celeiro do biocombustível, um parceiro com a expertise necessária para um projeto dessa dimensão e voltado para a exportação de óleo para biodiesel a partir da jatropha. Descobriu o IVC que vem trabalhando em projetos do Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel – PNPB nos estados de Minas Gerais e Goiás.

Além disso, o Instituto foi o primeiro a produzir pinhão manso no Triângulo Mineiro, em parceira com a Cooperativa Agropecuária Vale da Alimentação Ltda (Coval), no município de Santa Vitória. Desde 2004, 15 produtores da região apostam na planta. “A prefeitura aprovou esse projeto, tanto que investiu na parte de assessoria e viabilizou a atuação do IVC, porque ele desenvolve um trabalho muito importante na seleção dos produtores, na orientação da Coval, proporcionando a viabilização desse projeto que se tornará uma referência na produção de biodiesel da região e gerará renda para o pequeno produtor e também para o próprio município”, afirmou o prefeito de Santa Vitória, Antônio Celso.

Nossa primeira colheita começa em dezembro. “Nossa expectativa é que até o próximo ano, a produção das sementes chegue a 1 tonelada por hectare.” Adianta Adãonete Rodrigues, gerente da Coval.

Um know how decisivo para a empresa suíça. “Nós pesquisamos outras localidades no Brasil e no Triângulo Mineiro vimos a possibilidade de um grande investimento, a partir da parceria com cooperativas como a Coval para chegar aos 50 mil hectares de plantação do pinhão manso na região”, garante o CEO da GAR, Yehuda Rozenblum.

Com o investimento estrangeiro, a experiência bem sucedida no interior mineiro irá se multiplicar. "A GAR vai investir direto na produção por meio de insumos, assistência técnica e pesquisa. Explica o consultor do IVC e pesquisador da área, Vicente da Rocha.

“Será um investimento de aproximadamente R$ 50 milhões de dólares. E a expectativa é que vamos gerar trabalho para muita gente e que estaremos fazendo um bem para a humanidade, uma vez que produziremos biodiesel de plantas que geram muito menos poluição ao meio ambiente, preparando um futuro melhor para as novas gerações”, assegura Rozenblum.

Os interessados em produzir pinhão manso para a exportação deverão estar associados a uma das cooperativas contratadas. "É uma estratégia para fortalecer o cooperativismo. Nós só acreditamos em produtores organizados e, nesse sentido, as cooperativas são o melhor caminho", acredita Rocha.

E a estratégia já dá bons resultados. É o que garante o presidente da Coval, Washington Carlos Silva: “Estimamos o aumento de mais 1.000 produtores associados atraídos pelo biodiesel que é o grande negócio do momento”, afirma. Produtor de leite, José Airton de Lima, é um dos entusiasmados pelo planta promissora. “É uma cultura que pode ser conciliada com outro tipo de atividade rural, por exemplo o leite e que nos possibilita continuar no campo. Sem falar na assistência técnica que nos será repassada com a avaliação e coordenação do IVC, uma organização muito séria e comprometida com o crescimento do produtor rural”, garante o cooperado.

A primeira colheita do projeto já tem data marcada. Será em 2009, mas toda a produção deverá dar origem à novas sementes. A matéria-prima para o processamento só deverá ser colhida em 2011. Do Brasil sairá o óleo que vai virar biodiesel na Europa. “Nós temos dois anos e meio para definir a indústria que irá produzir o óleo e também a torta (rejeitos da industrialização)", explica José Soares de Aquino que adianta: “A maior segurança do produtor está no fato de que, além desse apoio na produção, a matéria-prima já tem a compra garantida pela GAR".

Ainda faltam quatro anos para surgir o biodiesel suiço-brasileiro. Parece distante da nossa realidade, mas para os europeus o tempo é curto demais. A União Européia estabeleceu que até 2010 5,75% de todo o combustível fóssil deverá ser renovável. Daí a corrida pelo parceiro ideal e a ânsia de ver brotar os primeiros pés de jatropha, esperança para deter o aquecimento global e gerar renda e ocupação para o homem no campo.

Lead Comunicação e Marketing

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