terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Itamarati II vai produzir alimentos, álcool e biodiesel

Um novo e arrojado projeto, denominado Agroalimentar e Bioenergético, foi idealizado para o Assentamento Itamarati II, em Ponta Porã, que será desenvolvido já sobre a nova proposta de reforma agrária: o sistema sócio-proprietário/cooperado. Este sistema prevê áreas individuais para cada assentado que é, ao mesmo tempo, sócio de uma área maior comum a todos.

O engenheiro agrônomo Luiz Carlos Bonelli apresentou, na sexta-feira, na Petrobras, o novo projeto com vistas a obter apoio, inclusive de financiamentos, da estatal no que se refere a implantação de miniusinas de álcool e uma indústria de biodiesel.

Bonelli informou ao Correio Rural na semana passada que estão praticamente concluídas as obras de 1.700 casas que abrigarão as 1.700 famílias assentadas no Itamarati II.

O assentamento está dividido em subterritórios para facilitar a instalação de 10 destilarias de álcool hidratado e uma de álcool anidro, mais o apoio logístico para viabilizar a organização da produção e o domínio das famílias sobre o processo. Este seria o segmento conjunto. No plano produtivo do sítio familiar, cada família é possuidora de uma parcela individual suficiente para garantir a segurança alimentar com moradia e infra-estruitura básica (água, energia e acesso).

Produção societária

Na área de produção conjunta do assentamento, o primeiro pólo será o de produção de biocombustíveis. Serão nove destilarias de álcool hidratado, uma unidade de álcool anidro e uma usina de biodiesel. Para assegurar o pleno funcionamento das unidades agroindustriais, serão necessárias lavouras de cana e de oleaginosas ocupando 1.692 ha e 5.079 ha, respectivamente.

Para permitir maior integração entre indústria, agricultura e organização social, cada destilaria irá incorporar grupos de 180 famílias. Também serão instaladas unidades de produção de bovinos de recria e engorda para valorizar a co-produção por meio do fornecimento de bagaço e vinhaça da cana.

Na produção de biodiesel, o co-produto torta (de soja, de milho, amendoim, etc.) será destinado à alimentação de suínos, frangos de corte e rebanho leiteiro que fazem parte do projeto produtivo do Assentamento Itamarati II. A produção de biocombustíveis ocupará 22% da área do projeto de assentamento, o que garantirá que esta produção não comprometa a segurança alimentar.

Produção de alimentos

A produção de grãos será societária, destinada a atender a agroindústria de biodiesel e a alimentação humana e animal para a auto-sustentabilidade do projeto, de forma que a produção de milho e das tortas provenientes da extração de óleo seja utilizadas na alimentação dos animais, tanto do sítio familiar como da área societária.

A área destinada a segurança alimentar representa 78% do espaço existente no assentamento e está sustentavelmente ligada à produção de biocombustíveis.

Metas gerais de produção

De acordo com o projeto da superintendência do Incra em Mato Grosso do Sul, as metas de produção são as seguintes: numa área de 8.122 hectares, deverão ser produzidos por ano 14 milhões e 175 mil litros de álcool; 10 milhões e 80 mil litros de biodiesel; 406.080 metros cúbicos de madeira; soja primeira safra 5.076 hectares; milho 2ª safra 2.538 ha; girassol 3ª safra 2.538 ha; cana-de-açúcar 1.692 ha; eucalipto 1.353,60 ha; produção de cereais, 27.410 toneladas; e produção agrícola, 166.267 toneladas.

Na pecuária, a produção de bovinos de corte em uma área de 1.462 ha será de 11.900 cabeças/ano; produção de leite de 29 milhões 214 mil e 660 litros/ano; produção de frango campesino (846 famílias) 2 milhões e 538 mil cabeças/ano; produção de suínos 76.140 cabeças/ano. E a geração de 735 mil kW de energia por ano.

A renda líquida mensal, por sítio familiar está prevista em R$ 667, enquanto que a renda mensal da parte societária deverá atingir R$ 1.233, num total de renda mensal por família de R$ 1.975.


Fonte: Correio do Estado - MS

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