O biodiesel é bio - não-fóssil e renovável - mas não é isento de rejeitos. E o maior problema no seu processo produtivo chama-se glicerol, uma espécie de glicerina que sobra como resíduo no final da produção do biodiesel e para o qual ainda não há uma solução definitiva.
Existe um mercado restrito para o glicerol mas o crescimento da produção de biodiesel saturou esse mercado e agora é necessário desenvolver novas soluções em termos de reciclagem ou de reaproveitamento desse material em outros processos industriais.
Processos biotecnológicos
Recentemente, pesquisadores brasileiros desenvolveram uma técnica para transformar essa glicerina em biogás utilizando biotecnologia.
Agora, também utilizando microorganismos, cientistas da Universidade Rice, nos Estados Unidos, desenvolveram um processo de fermentação que permite que a E. coli e outras bactérias intestinais convertam a glicerina em ácidos orgânicos úteis em vários processos industriais e, portanto, com valor de mercado.
Transformando rejeito em lucro
"A nova via metabólica que nós descobrimos abre caminho para o desenvolvimento de novas tecnologias para converter esse rejeito em compostos químicos de alto valor," conta o professor Ramon Gonzalez.
O processo de fermentação também pode ser utilizado para transformar o glicerol em etanol. Mas os pesquisadores afirmam que utilizá-lo para produzir ácidos orgânicos, como formatos e sucinatos, é ainda mais eficiente e gera produtos com maior valor de mercado.
Condições especiais de fermentação
Até agora se acreditava que o glicerol somente poderia ser fermentado por organismos capazes de produzir um composto químico chamado 1,3-PDO (1,3-propanodiol). Só que nenhuma das bactérias mais comumente utilizadas em biotecnologia - como a E. coli e a Saccharomyces cerevisae - consegue fazer isto.
O que a equipe do Dr. Gonzalez descobriu é que é possível usar o 1,2-PDO, um composto muito similar ao 1,3-PDO e com a grande vantagem de poder ser produzido pela E. coli.
"A razão pela qual isto não havia ainda sido descoberto antes provavelmente é que a E. coli exige uma configuração especial de condições de fermentação para que esta via seja ativada," diz Gonzalez. "Não foi fácil ajustar essas condições, de forma que não é o tipo de processo em que alguém iria tropeçar por acidente."
O processo foi licenciado para uma empresa de biotecnologia que prometeu colocar a primeira planta-piloto em atividade dentro de 12 meses.
Fonte: inovação tecnológica
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