A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) já definiu para os próximos dias 14 e 15 de agosto as datas para a realização dos leilões de biodiesel que irão abastecer o mercado nos próximos meses. Apesar de não ser a única forma de comercialização do produto no País, ainda é a mais utiliza, gera uma grande expectativa no setor por serem os primeiros eventos após as gigantes do setor, Petrobras e Brasil Ecodiesel, terem se acionado judicialmente e também do anúncio de venda da Agrenco. As demais empresas do setor tentam ainda assimilar a entrada da Petrobras no setor de produção.
A unidade inaugurada esta semana em Candeias, na Bahia, tem capacidade para produzir 57 milhões de litros por ano. A maior preocupação dos executivos que estão à frente das usinas é o fato de o novo concorrente deter, à exceção da produção de matéria-prima, todos os pontos da cadeia. "Com a entrada da Petrobras surge um novo concorrente poderoso no mercado, e um concorrente que atua em todas as pontas, incluindo a distribuição", ressalta Irineu Boff, presidente da Oleoplan. Para Alexandre Pereira da Silva, diretor comercial da Bioverde (antiga Petrosul) a entrada de mais uma gigante no mercado dificulta a atuação das empresas que estão brigando por um lugar ao sol. "É uma concorrente que já detém a compra e a venda do produto", diz. "É difícil lutar com forças que você não sabe onde podem chegar".
Ambas as empresas estão obtendo resultados positivos este ano. A Oleoplan, que entrou em operação em julho de 2007, produziu 7,7 mil m³ de biodiesel no ano passado e em 2008 já ultrapassava, até maio, uma produção de 22 mil m³. A Bioverde, por sua vez, foi a empresa que registrou os melhores preços no repasse da Petrobras para as distribuidoras. A ascensão dessas companhias vão na contramão da atual situação da Brasil Ecodiesel que apresentou prejuízo de R$ 14,9 milhões no primeiro trimestre. O próximo balanço da Brasil Ecodiesel também será divulgado em 14 de agosto. Na avaliação de Silva, o que aconteceu com a Ecodiesel já era previsto pelo setor.
"Durante um grande período eles ficaram baixando os preços, assumindo prejuízos, e todo mundo previa que uma hora isso ia acontecer", diz. Para Boff, o poder da indústria está ligado a suas fontes de suprimentos. "A Ecodiesel tem um volume enorme de processamento, mas não tem uma fonte de suprimento adequada", avalia. "Só quando a maioria das empresas tiver uma fonte própria de originação de matéria-prima vamos ter um mercado sólido", destaca. Mesmo com o resultado do último balanço a Brasil Ecodiesel continua sendo a maior empresa do setor enquanto a usina da Petrobras não estiver em pleno funcionamento. Antes da disputa atingir o mercado as duas gigantes já brigam na Justiça.
A Petrobras cobra na Justiça, junto a Ecodiesel, as multas contratuais referentes aos meses de abril, maio e junho deste ano. A Ecodiesel, por sua vez, também entrou na Justiça pedindo a cobrança de multas contra a Petrobras pelo não recolhimento de volumes de biodiesel vendidos em dois leilões da ANP. Mamona Entre os dias 4 e 7 de agosto, acontece o 3º Congresso Brasileiro de Mamona, na Bahia. O evento ocorre num momento em que a sustentabilidade da oleaginosa para a produção de biodiesel está sendo colocada em xeque.
Com uma área plantada de 154 mil hectares, o Brasil ocupa o terceiro lugar no ranking mundial, atrás de Índia e China, mas não consegue gerar escala suficiente para a demanda da indústria. Sem conseguir diversificar a produção e participação da soja como matéria-prima, aumentou 77,35% desde o início do ano. A alta do óleo do soja já resultou no aumento de 2,1% do preço do diesel na bomba dos postos só em julho, quando iniciou o B3.
Para Napoleão Beltrão, chefe-geral da Embrapa Algodão o grande desafio para a viabilidade da mamona é organizar a cadeia produtiva. "Será preciso uma mudança cultural. Estamos falando de cerca de 120 mil produtores familiares que precisam aprender a atuar na economia de mercado."
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