Da forma que está estruturada a cadeia produtiva dos biocombustíveis, com as usinas estando distante das regiões produtoras de matéria-prima, o Brasil corre o risco de gastar uma imensa quantidade de óleo diesel para produzir biodiesel, o que seria um contrasenso econômico e ambiental.
A avaliação é de Décio Gazzonni, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e um dos palestrantes do III Congresso Brasileiro de Mamona (CBM), que está acontecendo em Salvador desde segunda e será encerrado amanhã.
“Na Bahia, a usina inaugurada pela Petrobras em Candeias, na semana passada, está numa área onde não se plantam as principais matérias-primas, como mamona, algodão e soja, cujas produções estão na região de Irecê e no oeste. Tal situação demanda o transporte desse material por caminhões à base de óleo diesel”, destacou Gazzonni, salientando que o problema seria o mesmo caso a usina fosse implantada nessas regiões. “Como o mercado consumidor está no litoral, o biodiesel também teria que ser transportado para cá. O problema é de logística”, disse.
Outro problema indicado pelo pesquisador refere-se à baixa produtividade da lavoura.
Segundo a Embrapa, a Bahia é o maior produtor nacional de mamona, com 141 mil hectares de área plantada dos 154 mil hectares voltados para a mamona no Brasil. “Apesar disso, hoje, a produção é de 700 quilos de mamona por hectare, quando o ideal para se garantir a rentabilidade seria de 2,0 a 3,0 toneladas por hectare. “Só assim, o pequeno produtor poderia obter vantagem com a mamona e, realmente, ter condições de se inserir na cadeia produtiva”,afirmou Gazzonni, ressaltando que o cenário derruba inclusive o alarde em torno da resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), estabelecendo que a mamona não é indicada para ser utilizada pura na fabricação de biodiesel. “Nos parâmetros da produção atual, de modo algum seria possível suprir a indústria do biodiesel apenas com mamona”, enfatizou.
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