Aprofundar pesquisas e reforçar a assistência técnica à agricultura familiar foram as constatações da audiência pública realizada na tarde de ontem (27) no Plenarinho da Assembléia Legislativa. O tema central girou em torno da viabilidade da mamona como matriz energética para a produção de biodiesel, cuja aplicação teria sido contestada por um parecer da Agência Nacional de Petróleo (ANP), sob alegação de alta viscosidade.
Os técnicos evitaram polemizar com a ANP, mas foram unânimes ao afirmar que houve equívoco na avaliação do parecer por setores da mídia. O representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Jânio Rosa, afirmou que não há qualquer intenção de barrar o projeto, revelando acreditar na existência de interesses econômicos alimentando a polêmica.
“O governo não enterrou a mamona como matéria prima para o biodiesel. Não enterrou a mamona como matéria prima a ser produzida pela agricultura familiar, pelo contrário, o governo está incentivando através de pesquisa”, enfatizou.
Para o autor da proposta de audiência pública, deputado João de Deus (PT), a alta viscosidade do óleo da mamona é “café pequeno”, afirmando ainda que o interesse do governo é reforçar a agricultura familiar através dessa oleaginosa, ao invés de voltar a produção tendo como base a soja.
“Essa matriz recebe influência direta da Bolsa de Chicaco (EUA), o que reflete no preço do combustível. Além disso, ela ocuparia área territorial muito maior para produção em larga escala e, conseqüentemente, com maiores danos ao meio ambiente. Quer queria, quer não, o futuro do petróleo está comprometido, então, não existe outro caminho. Ou nós buscamos a alternativa do biodiesel ou vamos, lá na frente, nós arrepender de não termos feito o que era preciso, quer seja com a mamona ou outras oleaginosas, como o girassol e o algodão”, explicando que é preciso melhorar e aumentar a produtividade da mamona por hectare.
O líder do governo disse ainda que a Embrapa está recebendo investimentos para reforçar as pesquisas no Piauí, cerca de R$ 400 mil através do MDA. Além disso, R$ 100 mil estão sendo colocados à disposição para melhorar a seleção de sementes. O governo estadual e a Brasil Ecodiesel, já acordaram em entregar para a agricultura familiar 50 toneladas de sementes, para o plantio do consórcio da mamona e feijão para a safra 2008/2009.
A Agencia Nacional de Petróleo (ANP) informou que nunca pensou usar 100% do óleo da mamona como combustível, mas adicionando até 30% para cada litro de biodiesel. A estimativa da produção anual do óleo de mamona é de cerca de 500 mil toneladas.
A audiência foi considerada de suma importância, sendo destacada a sua representatividade, que contou com a participação do secretário de Planejamento, Sérgio Miranda, do coordenador de Relações Internacionais do Estado e coordenador do projeto de biodiesel no Piauí, Sérgio Vilela, do secretário de Desenvolvimento Rural, Élcio Martins e do delegado do MDA no Piauí, Adalberto Nascimento.
O corpo técnico e de pesquisadores foram representados por: José Wellington Dias, coordenador do Pronaf no Piauí, professor José Ribeiro, presidente do Conselho Regional de Química, professor Francisco Brito, da Embrapa, o representante da Fetag-PI, Simão Gomes e Paulo Sucupira, representante do Banco do Brasil, dentre outros.
Fonte: TV Canal 13
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