Uma planta nativa do Cerrado, em áreas degradadas e de transição para Zona da Mata mineira, conhecida como canudo-de-pito, pode ampliar, de forma promissora, as fontes de óleo para a produção de biodiesel, segundo pesquisas realizadas no Laboratório de Instrumentação e Quimiometria do Departamento de Química da Universidade Federal de Viçosa.
As sementes de canudo-de-pito (Mabea fistulifera Mart), da família das euforbiáceas, produzem grande quantidade de óleo, na ordem de 35% de seu peso. Os constituintes principais desse óleo são os ácidos linoleico, também conhecido como ômega-6, com aproximadamente 20%, e linolênico, o ômega-3, com aproximadamente 70%.
Os trabalhos vêm sendo conduzidos pela estudante de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Flávia Elaine de Andrade Pereira, e por seu orientador, professor César Reis.
Quando se fala em biodiesel, exemplifica o orientador, pensamos logo em oleaginosas como mamona, pinhão-manso, soja, pequi, macaúba, indaiá, buriti, babaçu, cotieira e tingui, dentre outras. Mas o canudo-de-pito é uma espécie muito interessante, ainda não explorada para essa finalidade, diz. A planta é encontrada com facilidade em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, agregada em bordas de mata e em locais que sofreram impactos causados pela ação do ser humano de forma acentuada. Sua presença é muito comum na região noroeste do estado de São Paulo. César Reis informa que a floração da planta ocorre de fevereiro a junho e a maturação da semente, de setembro a outubro, produzindo grande quantidade. É uma planta adaptada a solos de baixa fertilidade e de acidez elevada, sendo por isso muito utilizada em recuperação de áreas degradadas, principalmente por mineração.
A composição química do óleo lhe confere propriedades químicas e físicas importantes na produção de biodiesel. O alto teor de ácido linolênico confere ao biodiesel uma viscosidade muito baixa, quando comparada ao óleo de mamona, assemelhando-se muito à do óleo diesel. Essa característica faz com que o biodiesel obtido do óleo de canudo-de-pito seja mais fluido, o que facilita a sua injeção na câmara de combustão, através dos bicos injetores. Além da viscosidade, outras análises exigidas pela portaria ANP 255/2003, que trata da especificação do biodiesel, foram realizadas outras para determinar estabilidade, oxidação, densidade, corrosividade ao cobre, teor de enxofre, teor de sódio e de potássio, índice de acidez e de saponificação, etc. Estando todas de acordo com essa Portaria.
Como avalia César Reis, as características do canudo-de-pito permitem que pequenos agricultores o cultivem como fonte alternativa de renda, satisfazendo, assim, o lado social do programa do biodiesel. Além disso, para o seu cultivo, não é necessário utilizar áreas destinadas à produção de alimentos, como é o caso da soja e de outras oleaginosas, pois ela se adapta em áreas que não seriam mesmo usadas para o cultivo de cereais e oleaginosas tradicionais.
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Um comentário:
Olá Manoel Castro Neto
Ouvi falar dessa planta no uso de produção de mel.
A planta tem chance de adaptação aqui no oeste de Santa Catarina, altitude 380 metros acima do nível mar, vale do Uruguai?
Vc tem fotos de florada da plantaw
Fico grato por informações.
Blásio
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