Enquanto o petróleo estava caro (chegou aos US$ 147 por barril em julho de 2008) eram os preços da matéria-prima, especialmente os da soja, que, por tabela, inviabilizavam o produto. Agora que os preços do petróleo voltaram aos US$ 40 (veja o Confira), é o petróleo barato demais que estraga o negócio.
O biodiesel só chega às bombas dos postos de combustíveis como integrante da mistura obrigatória determinada pelo governo de 3% de biodiesel para 97% de diesel derivado de petróleo, não importando o preço do produto alcançado em leilão.
Em 2008, o Brasil importou 4 bilhões de litros de diesel para complementar as necessidades internas. Graças à utilização do biodiesel, dispensou importações adicionais de 1,1 bilhão de litros de diesel, o que proporcionou ganho de US$ 980 milhões na balança comercial.
Mas a forte volatilidade dos preços, tanto das matérias-primas do biodiesel quanto do próprio diesel, mantêm o futuro do biodiesel envolto em sombras.
O analista Univaldo Vedana, do BiodieselBR, acredita que a viabilidade do negócio ainda depende de atos de vontade do governo, como o de aumentar progressivamente a participação obrigatória do biodiesel na mistura com o diesel, fator que aumentaria a escala de produção.
Os produtores esperam que ainda em 2009 o governo regulamente o aumento da proporção da mistura, de 3% para 5%. Mas observam que seria mais fácil engatar a segunda marcha no programa se os preços do petróleo voltassem para a altura dos US$ 85 por barril, o que implicaria alta de mais de 100% sobre os atuais preços internacionais.
As 33 produtoras do setor que participaram do 12º Leilão de Biodiesel da Agência Nacional do Petróleo (ANP), realizado em novembro, concordaram em entregar o produto a R$ 2,40 por litro. No entanto, hoje, o preço do diesel comum, ajustado quando os preços do petróleo estavam em US$ 120, oscila em torno de R$ 2,00.
A entrega de 330 milhões de litros de biodiesel no primeiro trimestre do ano, a que a indústria se comprometeu nesse leilão, está em princípio garantida. E isso é assim porque, mais do que o petróleo, o grande vilão dessa história é o óleo de soja, principal matéria-prima do biodiesel no Brasil.
Em junho de 2008, os custos de produção do biodiesel superavam R$ 2,00 por litro, enquanto os preços pagos de leilão eram de R$ 1,60. Foi por isso que alguns produtores não entregaram o volume de biodiesel a que se comprometeram e, assim, prejudicaram a credibilidade do negócio, sem que por isso tenham sido punidos.
O setor está mais preocupado agora em encontrar a "cana-de-açúcar do biodiesel", a matéria-prima barata que viabilize definitivamente o negócio. O crambe e o pinhão manso prometem, mas as experiências com esses produtos ainda não são conclusivas.
De todo modo, as pressões dos ambientalistas e o apoio anunciado pelo governo Barack Obama ao desenvolvimento de fontes de energia alternativa são um alento nessa hora de muita incerteza para o segmento.
Fonte: Expresso MT
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