sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Aviação testa as vantagens dos biodiesel

Um Boeing 747 da Air New Zealand (ANZ) foi o primeiro avião a voar, na terça-feira 30 de dezembro, com uma mistura de querosene e biocombustível considerado de ''segunda geração''.

Partindo do aeroporto nacional de Auckland, o jumbo voltou de lá com facilidade após um voo experimental de duas horas, ao longo do qual um de seus quatro motores queimou um combustível composto de 50% de biodiesel extraído de óleo de jatrofa.

Esse experimento visa determinar se essa planta poderá um dia substituir parcialmente o petróleo como fonte de combustível aéreo. Conduzido pela ANZ, junto com a Boeing e a Rolls-Royce, ele se insere em uma política mais geral da aviação civil visando encontrar alternativas ao combustível tradicional, o Jet-A1, acusado como os outros hidrocarbonetos de contribuir para as emissões de gás do efeito estufa e de ser, ainda por cima, sujeito às cotações erráticas do petróleo.

Por enquanto, o transporte aéreo só contribui com 2 a 3% para as emissões de CO2, mas projeções da Comissão Europeia estimam um aumento de 90% do tráfego até 2020. A Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), que representa 230 companhias aéreas, fixou um objetivo de introduzir 10% de biocombustíveis no consumo das frotas até 2017. As companhias aéreas têm consciência dos limites dos agrocombustíveis de primeira geração (extraídos da cana-de-açúcar, da soja, da colza ou do milho): alguns deles congelam a temperaturas elevadas demais; sua cultura é acusada de tomar o lugar das terras aráveis destinadas à alimentação, de contribuir com a crise alimentar ao inflar a cotação das matérias-primas e de encorajar o desflorestamento.

A Air New Zealand ressalta então que seu experimento devia respeitar três critérios "não-negociáveis": a fonte do combustível não devia entrar em competição com culturas alimentares; a utilização do combustível não devia impor nenhuma modificação técnica nos aparelhos; ele devia ser competitivo com o querosene e imediatamente disponível.

O óleo utilizado foi colhido na Índia, no Maláui, em Moçambique e na Tanzânia. A planta, originária da América do Sul, pode ser cultivada em solos áridos, seus grãos não são comestíveis, de forma que sua cultura poderia não competir com a agricultura alimentar. A Índia já aposta na jatrofa para propelir uma parte dos caminhões que aram o subcontinente: 7,4 milhões de hectares já cresceriam perto de grandes vias de comunicação e um plano preveria passar a 12 milhões de hectares até 2012.

Mas serão necessários muitos anos de avaliações antes que o óleo de jatrofa obtenha as certificações necessárias à sua utilização em voos comerciais. E um dos diretores da Air New Zealand estimou que a companhia não poderia garantir um abastecimento para o conjunto de seus vôos antes de 2013.

A jatrofa certamente parece promissora: seus grãos podem conter até 40% de óleo e chegam a níveis de produção de 2 toneladas por hectare - que propulsionam um 747 por mais de 100 quilômetros. Mas testes revelaram que a produção pode ser muito decepcionante e alguns agricultores - em Gana, principalmente - se mostraram reticentes em se lançar em uma produção com forte mão-de-obra cujo escoadouro não é garantido e que os tornaria dependentes financeiramente das refinadoras. Além disso, alguns pesquisadores destacam a toxicidade da planta, que poderia ter um impacto sanitário.

A jatrofa não é o único biocombustível na linha de mira da aviação. Em fevereiro de 2008, a Boeing e a Virgin Atlantic haviam realizado um voo de teste com uma mistura composta de óleo de palmeira (babaçu) e de coco. Os defensores do meio-ambiente o haviam criticado como um "golpe de publicidade", argumentando que as quantidades necessárias para as frotas aéreas não poderiam ser fornecidas por essa forma de silvicultura. Eles pediram, em vez disso, que se reduzisse o tráfego aéreo.

Seriam as algas mais vantajosas? A Enviro.aero, um centro de reflexão criado pela indústria aeronáutica, estima que sua cultura poderia necessitar "somente" do equivalente à superfície da Bélgica para responder às necessidades do conjunto da frota aérea mundial. No dia 7 de janeiro, um 737 da Continental Airlines deve realizar um voo experimental com um motor alimentado por 50% de óleo de algas...

Fonte: - Hervé Morin

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