O presidente Luiz Inácio Lula da Silva protagoniza nesta semana um ato simbólico a favor do grande capital do agronegócio e da soja como principal matriz energética do biodiesel.
Até agora, todos os empreendimentos que estão surgindo nessa área pretendem usar majoritariamente a soja para produzir o biodiesel. Só grandes grupos econômicos investem, e as poucas experiências com agricultura familiar e mamona começam a dar errado ou simplesmente não decolam, como constatou a Folha num assentamento no Piauí, um dos mais propagandeados pelo Planalto.
O governo já admite a possibilidade de antecipar a segunda parte do programa, inicialmente prevista para 2013, na qual a mistura obrigatória de biodiesel aumenta para 5%. A idéia é que a obrigatoriedade de 5% possa ser exigida em 2010. O mercado de biodiesel com 2% é de 880 milhões de litros por ano. Com 5%, essa demanda cresce para até 2,7 bilhões de litros por ano.
O BNDES avalia que os investimentos no setor podem vir a se diversificar, mas reconhece que a maior parte dos projetos de financiamento de produção de biodiesel é de empresas que já atuam na produção de óleo de soja e querem alongar a cadeia produtiva.
Até outubro deste ano, o banco já havia contratado quatro projetos (dois da agroindústria da soja, com Granol e Caramuru) e aceito como participante do programa de biodiesel mais quatro, em um total de investimentos previsto de R$ 464 milhões.
Os industriais da soja esperam que, inicialmente, essa cultura responda por 90% do fornecimento de matéria-prima para produção de biodiesel. No médio prazo, teria entre 75% e 80% do mercado. O governo prevê que a soja fique com menos de 60%.
Na verdade, de acordo com relatório apresentado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ao mercado em geral, a Brasil Ecodiesel já informa que sua matéria-prima principal é o óleo de soja (97,2% dos custos de produção, contra 2,1% da mamona e 0,7% do algodão).
Além da indústria da soja, a Petrobras deve ter participação importante no mercado. A estatal está iniciando a construção de três usinas, analisa mais 15 projetos e tem como meta produzir 855 milhões de litros de biodiesel por ano até 2011.
O programa do governo é montado com incentivos fiscais para estimular a participação da agricultura familiar. Mas a agroindústria da soja já tem uma estratégia para prescindir desse incentivo: montar fábricas em locais distantes das refinarias da Petrobras, para que o preço do combustível vegetal fique mais competitivo em relação ao diesel de petróleo.
Segundo expectativa do próprio governo, a agricultura familiar deve ficar com cerca de 30% do negócio de fornecimento de matéria-prima para o biodiesel, enquanto o agronegócio ficará com 70% restantes.
Fonte: 24 News
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