sábado, 3 de julho de 2010

Embrapa e Novozymes fazem parceria em estudos para agroenergia

Parceria vai buscar enzimas e microrganismos para agroenergia


A Embrapa e a Novozymes discutiram diversos temas para efetivar parcerias de modo a executar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em agroenergia. Foram discutidas várias possibilidades de atuação conjunta das empresas, realizando projetos de exploração de novas fontes de enzimas e de microrganismos e identificando aplicações em diferentes aspectos da produção de alimentos, fibras e biocombustíveis.

A reunião ocorreu na Embrapa Agroenergia e, por parte dessa Unidade, estiveram presentes o Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, Esdras Sundfeld, o Chefe de Comunicação e Negócios, José Manuel Cabral e uma equipe de pesquisadores que trabalham em diferentes aspectos da produção de etanol e de biodiesel. Por parte da Novozymes, participaram o Presidente Regional para América Latina, Pedro Luiz Fernandes, e Henrik Bisgaard-Frentzen e Tomas Sorensen, respectivamente Diretor Geral e Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da corporação mundial.

Em relação aos biocombustíveis, Esdras Sundfeld ressaltou que a Embrapa trabalha em toda a cadeia de investigação, desde aspectos da genômica e proteômica das matérias-primas e microrganismos, até aos processos de produção de etanol e biodiesel e de agregação de valor aos coprodutos e resíduos. “Como a Novozymes tem vários interesses, a parceria proposta poderá se beneficiar da diversidade de Centros de Pesquisa da Embrapa, em que muitas facilidades de trabalhos em laboratórios e em campos experimentais já estão instalados”, observou.

Os próximos passos para a cooperação entre as empresas será a definição, por parte da Novozymes de alguns assuntos prioritários para cooperação. A partir daí, serão realizadas reuniões técnicas entre as equipes de pesquisa das empresas, para definir projetos conjuntos, que poderão ser realizados no Brasil ou em outros países, dependendo da disponibilidade de infraestrutura e pessoal qualificado.

Em termos globais, a Novozymes é a empresa líder no campo de enzimas industriais e microrganismos, com participação de 47% do mercado mundial. Tem cerca de 700 produtos, vendidos em 130 países para aplicações em laboratórios, nas indústrias de detergentes, têxteis, alimentos e rações. Com um total de 5.200 empregados, tem fábricas na Dinamarca, Estados Unidos, China e Brasil e em 2009 obteve um volume de vendas de US $ 1,5 bilhão. No Brasil, a sede da empresa, os laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e as instalações industriais estão situados no Distrito Industrial de Araucária, no Paraná, empregando 180 funcionários.

De acordo com Pedro Fernandes, a base para todas as pesquisas da empresa é o estudo de processos biológicos. “O uso de microrganismos e enzimas se tornará mais e mais difundido com o aumento da consciência global da necessidade de preservação dos recursos naturais e respeito por nosso meio ambiente”, destacou o Presidente Regional da Novozymes durante a reunião.

Fonte: Agora MS

Biodiesel ainda esta só engatinhando

Apesar dos avanços obtidos no segmento de biodiesel nos últimos cinco anos, o Brasil ainda precisa superar obstáculos e trabalhar novas alternativas de matéria-prima para produção do combustível renovável. A preocupação com o futuro da produção de biodiesel é tema de um evento, que começou ontem e termina hoje em Ribeirão Preto, com a participação de 12 especialistas em agroenergia do País.

De acordo com o coordenador do evento, José Roberto Scarpellini, engenheiro agrônomo e pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), entre as principais barreiras que a produção de biodiesel enfrenta hoje está definição de alternativas para a expansão nos volumes produzidos. “Para ampliar ainda mais a produção, precisamos trabalhar em matérias-primas e fomentar pesquisas nessa área. Não podemos ter uma produção de biodiesel centralizada em uma matéria-prima, como acontece hoje com a soja.”

Atualmente, segundo o pesquisador, cerca de 85% do biodiesel produzido no Brasil vem da soja. “Existe uma demanda muito grande pelo combustível, mas falta a ampliação da matéria-prima. Temos várias opções como o amendoim, milho e sorgo, mas ainda existem questões como a remuneração ao produtor, que, na maioria das vezes, é melhor se a produção for destinada à indústria de alimentos”, disse Scarpellini.

Para o professor da Universidade de São Paulo em Ribeirão (USP) Miguel Dabdoub, que participou ontem do evento, uma das grandes alternativas para a ampliação na produção de biodiesel, é a cana-de-açúcar. “Existem muitas matérias-primas para serem exploradas, mas o biodiesel resultante da reação química entre o álcool de cana e óleos vegetais também é uma alternativa interessante para o futuro.”

Segundo José Roberto Scarpellini, a evolução nas pesquisas desse tipo de matéria-prima faz com que a região de Ribeirão ganhe potencial na produção de biodiesel. “Por conta da força das usinas e do setor sucroalcooleiro existente aqui.”

Lavoura familiar pode ser a saída

A agricultura familiar também foi uma opção apontada por pesquisadores que participaram ontem do evento em Ribeirão, para o avanço na produção nacional de biodiesel. “Desenvolvemos um trabalho em todo o Estado com pequenos produtores familiares para o cultivo de sementes oleaginosas como o girasol, para que a produção de biodiesel tenha um avanço social também”, disse Dílson Rodrigues Cáceres, engenheiro agrônomo do Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). Segundo Cáceres, a produção de biodiesel em escala industrial teve início com o Programa Nacional de Produção de Biodiesel, pela Lei número 11.097, de 2005. “Em breve espaço de tempo, estamos com uma média de produção 1,6 bilhão de litros de biodiesel e satisfazendo a obrigatoriedade da adição de 4% de biodiesel ao diesel fóssil, por isso temos de ampliar as variedades cultivadas para a produção.”

Fonte:Gazeta de Ribeirão